domingo, 20 de dezembro de 2009

Eu compreendo os sem-igreja!

Você que está sem igreja e não consegue se adaptar a nenhuma delas, saiba que talvez sua situação seja perfeitamente compreensível. É claro que não estou aqui para advogar causas sem "conhecer os autos", pois deve haver um sem-número de motivos para uma pessoa não querer frequentar igrejas, e nem todos os motivos são legítimos. Todavia, eu me refiro neste texto à grande quantidade de irmãos que não querem ficar sem igreja, mas são "obrigados" à solidão.
Numa sociedade em que surgem igrejas ditas evangélicas a todo instante, para todos os gostos do consumidor religioso, pode parecer estranho alguém se sensibilizar com a situação de quem não se adapta. Poder-se-ia objetar: ou essa pessoa não achou ainda a igreja de seu gosto ou não deveria pensar em achar uma igreja de seu gosto...
Mas a questão não é tão simples. Eu discordo do crescimento numérico artificial e divisionista, que se baseia em igrejas personalistas, em "ministérios" criados antes do surgimento do rebanho, e no pernicioso mercado "gospel". O que não posso esquecer, porém, é que no meio de toda essa desordem existem crentes verdadeiros, sinceros, maduros, que se veem entristecidos por não se encaixarem em nenhum lugar.
É difícil conviver, por exemplo, com a intromissão da Teologia da Prosperidade em nossas igrejas históricas e pentecostais históricas. É difícil engolir aquelas canções pseudo-evangélicas, que são, na verdade, antropocêntricas, subjetivistas e emocionalistas. É difícil conviver com instituições eclesiásticas politiqueiras, o que envolve coisas como o nepotismo, a aliança espúria com políticos, os candidatos "naturais", as monarquias hereditárias. É difícil conviver com a imposição de doutrinas secundárias como se fossem primordiais. É difícil conviver com a centralização do poder em poucas pessoas. Tudo isso nós percebemos na Igreja que se diz evangélica no Brasil de hoje.
O politicamente correto é dizer a esses irmãos sem-igreja frases como "olhe somente para Jesus, não para o homem"; "toda igreja tem problemas"; "você não vai encontrar perfeição aqui neste mundo"; "isso são provas"; "sua hora vai chegar"; "ore mais, tenha mais fé, que vai dar tudo certo".
Não consigo me contentar com frases prontas e raciocínios simplistas como esses. É necessário enfrentarmos o problema em toda a sua feiúra, em vez de fingirmos que tudo está bem. Não! A enfermidade da Igreja brasileira é terrível!
Coloco-me como um dos que, se não têm a solução, ao menos se irmanam com o que se sentem agora desalojados e desiludidos com as igrejas. E, em lugar de não poder olhar para homem nenhum - porque essa é a desculpa que muitos dão - gostaria imensamente de poder olhar, sim, para boas referências humanas, que ousassem repetir o que Paulo disse: "Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo".

3 comentários:

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Até que fim alguém me entendeu!

João Armando disse...

Adaptar totalmente é fora de cogitação. Um ex-pastor me segredou "Sabe, irmão, quando a gente se dá o direito de pensar um pouquinho, não consegue se enquadrar totalmente em lugar nenhum" - isso eu entendo. Se as divergências são mesmo muito acentuadas, é o caso de orar e procurar outro lugar mesmo - sair, visitar outras igrejas etc. Não é possível que não se encontre umazinha onde se sinta melhor. Mas se as divergências são digeríveis, se é que me entende, dá para ficar. Eu diria mais - faz parte da maturidade cristã saber conviver com divergências. Pode até ser enriquecedor. Cada um sabe o seu limite.

André de Araújo Neves disse...

É por isso que digo: sou cristão apesar da Igreja!



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.