domingo, 13 de dezembro de 2009

Série vocacionados (V) - Timóteo

Timóteo foi um pastor do primeiro século da Era Cristã. Teve o privilégio de ser criado nas "Sagradas Letras" (II Tm 3.15), sob a supervisão de sua mãe, Eunice, e de sua avó, Lóide. Era um judeu mestiço, filho de uma judia e de pai grego (At 16.1).
Ao chegar à região de Derbe e Listra, Paulo encontrou o irmão Timóteo, de quem davam testemunho os irmãos de Listra e Icônio. Na ocasião, o apóstolo o tomou como companheiro no trabalho missionário e optou por circuncidá-lo, já que os judeus das cidades visitadas sabiam que se tratava de um meio-judeu (At 16.1-5). A partir de então, Timóteo passou a ser um cooperador de Paulo, na época em que o líder Barnabé já não viajava com o apóstolo (At 15.36-41).
O pastor Timóteo foi discipulado pelo apóstolo Paulo e se tornou um de seus mais destacados colaboradores. Foi chamado por Paulo de "verdadeiro filho na fé", "filho",  "amado filho" e "filho meu" (I Tm 1.2, 18; II Tm 1.2; 2.1). Não é sem razão que Paulo o coloca como coautor da Segunda Epístola aos Coríntios, talvez para lhe dispensar maior honra diante da igreja (II Co 2.1). Timóteo era mesmo um rapaz abençoado.
Parece-me que Timóteo conheceu o medo em algum momento de seu ministério, a ponto de Paulo exortar os coríntios a providenciarem que Timóteo não tivesse receio no meio deles, e que não o desprezassem (em meio àqueles irmãos de Corinto, creio que eu mesmo me sentiria em apuros). Paulo também lhe disse que Deus não dá "espírito de covardia" (II Tm 1.7), e o exortou a não se envergonhar "do testemunho de nosso Senhor nem do seu encarcerado", que era o próprio apóstolo (II Tm 1.8).
Como penso que todo conselho traz em si um juízo de valor, é de se supor que Timóteo não fosse desembaraçado.
Mais um argumento em favor dessa tese: Paulo precisou exortar o jovem pastor Timóteo a se manter firme ante a sua mocidade. Disse Paulo: "[Que] Ninguém despreze a tua mocidade" (I Tm 4.12). Acho engraçado alguns irmãos interpretarem esse versículo como se Paulo exortasse a cada um de nós a não desprezarmos a nossa própria mocidade...e só. Não é só isso. De modo ainda mais interessante, Paulo, a um só tempo, exorta Timóteo a valorizar a sua mocidade, mas principalmente diz que os demais não podem desprezar a sua mocidade (a mocidade dele, Timóteo). Ora, se Paulo, com sua conhecida teologia responsiva, precisou escrever isso, foi porque encontrou algum problema no relacionamento do jovem pastor com suas ovelhas - um problema de autoridade fraca.
Todavia, a eventual fragilidade na liderança não retiraria a veracidade de sua vocação, que lhe foi reconhecida por imposição de mãos do presbitério e do próprio Paulo, tendo sido anunciada mediante profecia (II Tm 1.6; I Tm 1.18). E por isso Paulo o exortava a despertar o dom que Deus lhe concedera e cumprir o seu "ministério" (II Tm 4.5).
Dentre as três Cartas Pastorais de Paulo, duas foram escritas a Timóteo. Dessas Epístolas extraímos o pensamento paulino quanto aos requisitos para o episcopado e o diaconato, a relação do pastor com a igreja local, o combate às heresias, a disciplina de falsos mestres e irmãos complicados, a maneira de conduzir a vida ministerial, o procedimento no culto público, a prática da oração coletiva, o apego à sã doutrina, os fundamentos da Fé.
Foi a Timóteo que Paulo escreveu várias vezes a expressão "Tu, porém", por meio da qual introduzia as exortações pessoais ao jovem pastor, mostrando-lhe como deveria ser diferente dos falsos irmãos.
Dentre as palavras de Paulo a Timóteo, estão algumas qualidades que o vocacionado a pastor deve ter:
a) "bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da doutrina" (II Tm 4.6);
b) "padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza" (II Tm 4.12);
c) "aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (II Tm 2.15);
d) "homem de Deus" (II Tm 6.11).
Timóteo tinha uma enfermidade estomacal e outras doenças que Paulo não menciona claramente (I Tm 5.23). Nisso, pelo menos, eu me pareço com ele, pois descobri uma gastrite há pouco tempo. E como chateia essa gastrite!
Minha esposa havia falado há um tempo sobre chamarmos um de nossos filhos de Timóteo. Por enquanto, o menino que nasceu eu dei a ideia de chamarmos de Inácio. Talvez, no futuro próximo, nasça um Timóteo em nosso meio...Mas o fato é que o nome desse eterno jovem pastor é mais belo pela força de seu testemunho do que por qualquer outro motivo. Nas igrejas, quando se fala de Timóteo, pensa-se em companheirismo, fidelidade, cooperação, amizade. É desse Timóteo que todos nós gostamos.
Mas, como todo vocacionado, Timóteo tinha seus problemas. A vocação com imposição de mãos e profecia não o dispensou do medo. A vocação preparada desde a infância, num lar cristão, não o dispensou de percalços na área da autoridade. Enfim, sua vida com Deus não o livrou da doença no estômago. E, para ser bem sincero, há que se ter estômago para cuidar de pessoas, notadamente quando elas se veem como senhoras da verdade! E quantos há dentre os cristãos que se acham senhores da verdade!

Um comentário:

João Armando disse...

Pois é. O medo era uma tentação que ele tinha de enfrentar e rejeitar. Não era um "espírito de medo" a ser amarrado... Santidade de vida é da nossa responsabilidade. Gosto da frase típica "Tu, porém..." tão encontradiça nessas epístolas. Amo também muito o versículo, também numa delas, que nos diz que TODA a Escritura é inspirada - toda, não partes dela - e ÚTIL. Preciosas epístolas. Precisos irmãos que haveremos um dia de conhecer. Aleluia!



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
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Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
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E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.