O agora preso e afastado governador José Roberto Arruda (sem partido; ex-DEM) está abatido, dizem. Comeu arroz, feijão, batata e bife. Recebeu visitas. Passa o tempo lendo. Não teria conseguido dormir essa noite. Espera o julgamento do mérito do habeas corpus pelo STF, tendo sido negado o pedido liminar. Vai passar o Carnaval na cadeia - bem, não é exatamente uma cadeia a sala da Diretoria Técnico-Científica da Superintendência da Polícia Federal... Mas, nesse contexto político-penal que acompanhamos pelos jornais, o discurso religioso do governador é uma coisa interessante.
Já comentamos aqui, em outra postagem, a declaração de Arruda no sentido de que perdoara todos os seus inimigos, para que pudesse obter o perdão de seus pecados. Outro dia, vejam só, ele disse que um dia poderá afirmar, como o apóstolo Paulo: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". Depois, foi preso, no que aparentemente se parece com Paulo. Mas há diferenças!
Paulo foi preso sob acusações infundadas de opositores judeus que não aceitavam a disseminação do Evangelho. Viam em Paulo um perigo para suas pretensões, embora ele jamais tenha cometido crimes - refiro-me ao período posterior ao encontro com Cristo. Já o governador Arruda, é certo que ainda não foi julgado, mas sua prisão preventiva se deve à necessidade de preservar a instrução penal, já que existem fortes elementos de que estaria tentando corromper uma testemunha, para o que há provas como bilhete de sua lavra, depoimento da testemunha, depoimento de um dos intermediários e um vídeo bombástico, depois de tantos vídeos mostrados pela Operação Caixa de Pandora.
Sempre que políticos em aperto com a Justiça usam palavras bíblicas eu fico pensando na questão da inconveniência. Eles conseguem mesmo fazer isso? Citar Paulo para quê? Para mostrar religiosidade?
Esse é um típico exemplo de coisa fora do lugar.
Um comentário:
Antes fossem palavras de confissão e arrependimento, como o "pequei" de Davi. Nessas horas, amiúde se ouvem apenas justificativas, explicações, autocomiseração... A porta do Reino é deveras estreita - arrependimento. Arrependimento humilha, custa caro. Oxalá Deus tenha compaixão dele - e o livre também da falsa conversão, do "virar crente", tornando-se assim duplamente perdido.
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