segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quando ser louco é bom

Em determinada ocasião, os familiares de Jesus O consideraram "fora de si" pelo fato de receber multidões e ficar sem comer para atendê-las (Mc 3.21). Talvez enxergassem nisso algo parecido com megalomania, pois Aquele Seu parente, Seu igual, um simples carpinteiro de Nazaré, galileu como os demais - embora judeu de nascimento - aceitava ser procurado por tantas e tantas pessoas. Essa expressão "fora de si" é eufemismo para louco, alienado.
O apóstolo Paulo, ao discursar diante de Herodes Agripa e do procurador Festo, ouviu deste: "Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar!" (At 26.24). Ele não entendia a profundidade da Verdade Evangélica, e, em sua concepção, aquele pregador só podia estar absolutamente louco. Festo imaginou que Paulo houvesse ficado doente por causa dos muitos estudos...
O mesmo Paulo deve ter sido acusado de loucura por opositores coríntios, já que, em II Co 5.13, ele diz: "...se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós outros". Ele pode ter experimentado algum êxtase não compreendido, a narrativa de sua experiência de conversão pode ter sido alvo de críticas (cf. At 9.1-9; 22.1-21; 26.1-26), ou qualquer outra coisa pode ter ocorrido em sua vida sem a compreensão de todos.
Em I Co 1.18-25 e 2, Paulo trata da loucura de Deus, que é mais sábia que a sabedoria dos homens (I Co 1.25). Ele diz que "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura" (I Co 2.14). As coisas espirituais são comunicadas pelo Espírito Santo, não podendo ser alcançadas pela mente humana. Por isso precisamos da fé, um dom de Deus (Ef 2.8), a fim de recebermos a mente de Cristo (I Co 2.16).
As pessoas costumam chamar de loucura o que não entendem. Não raro, gênios são chamados de loucos, e comportamentos diferentes são classificados como "anormais". O que não tem explicação racional passa a ser loucura, alienação, sandice.
Vejamos bem: se o SENHOR Jesus e o apóstolo Paulo foram tidos como loucos, por que nos chatearíamos nós se a sociedade não nos entendesse? Somos diferentes, não somos? Pregamos uma Palavra que não se pode aceitar sem fé (cf. Hb 11.6).
Fico imaginando o que disseram os homens pré-diluvianos a respeito de Noé, construtor de uma suposta engenhoca sem propósito. Sua obediência certamente passou por loucura. Impressão semelhante alguém deve ter experimentado acerca de Elias e de João Batista, fiéis cumpridores de sua vocação, mas, aos olhos do mundo, andarilhos do deserto, desconectados com a realidade.
E o que dizem de nós, crentes evangélicos? Pregamos que Deus enviou Seu Filho para morrer pelos pecados da Humanidade, devido ao Seu amor incomparável e incompreensível. Pregamos que é necessário arrependimento pela fé para que os pecados sejam perdoados. Pregamos que Jesus voltará para buscar Seu povo, a fim de levá-lo aos Céus, onde estará sempre com o SENHOR. Pregamos que existem dois caminhos - o estreito e o largo -, o Céu e o Inferno, a bênção e a maldição, o pecado e a justiça, o bem e o mal, o fruto do Espírito e as obras da carne, a luz e as trevas, a presença de Deus e o vazio total, a Salvação Eterna e a Perdição Eterna. E alguns de nós ainda falam em línguas desconhecidas!
Portanto, existe um tipo de loucura que é muito positivo. Essa é a loucura de quem recebeu a fé em seu coração, e por isso entendeu, como o Paulo Cézar, do Grupo Logos, que "a razão está na fé".
Deus seja glorificado para sempre e sempre.





2 comentários:

João Armando disse...

Pois é... Isaías a mais se atreve - diz que o bom caminho do evangelho será transitado, também, por loucos. No bom caminho,nem os loucos errarão. O evangelho também é para eles - os loucos "mesmo". Confira em Isaías 35.8: "E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco."

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Deus é misericordioso.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
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Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
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E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.