Em Lc 9.57-62, Jesus, a caminho de Jerusalém, onde seria morto - cumprindo as Escrituras -, conversa com três homens, que, diante da missão no Reino de Deus, se mostram inadequados para o serviço. Vejamos:
(1) A precipitação. Este caso lembra-me as declarações açodadas do apóstolo Pedro. O homem disse a Jesus que O seguiria por onde quer que fosse. Jesus, porém, lhe mostrou as dificuldades do ministério cristão, dizendo que, se as aves do céu têm ninhos e as raposas, covis, o Filho do Homem não tem sequer onde reclinar a cabeça. Dito de outro modo, é preciso calcular os custos. Tem-se aqui o valor do compromisso.
(2) A inversão de prioridades. A este segundo homem Jesus convoca ao ministério, mas ele quer primeiro sepultar seu pai. Jesus lhe disse para deixar que os mortos (espiritualmente) sepultem seus mortos (fisicamente). O trocadilho indica, não a proibição a frequentar o sepultamento dos pais, mas a necessidade de enxergar a missão cristã como prioritária. O pai daquele homem não havia morrido naquele dia, mas ele achou que deveria esperar a morte do pai para só então começar a trabalhar para Cristo. É uma questão de verificar prioridades.
(3) O desconhecimento da urgência. O terceiro homem deseja seguir a Cristo em Sua missão, mas acha que deve ir primeiro se despedir de seus pais. Ele não entendeu que as coisas no Reino de Deus exigem rapidez. Jesus não é contrário às relações familiares, isso é lógico, pois foi Deus Quem criou a família. Todavia, Jesus disse àquele discípulo que aquele que olha para trás depois de colocar a mão no arado não é apto para o Seu Reino. É verdade: quem trabalha com arado não pode olhar para outra direção, pois corre o risco de ver os sulcos ficarem tortos. É questão de urgência.
Vivemos um período em que muitos seguem a Cristo aparentemente. Não Lhe reconhecem o devido compromisso, prioridade e urgência. Depois de todas as coisas, pensam em Cristo. São religiosas, ativistas, emocionadas, imediatistas, mas Cristo não é Sua razão de viver.
Um comentário:
O texto não o diz, mas é bem possível que o pai daquele que queria primeiro sepultá-lo não estivesse doente ou já morto. É bem provável que estivesse ainda saudável, ou seja, o sujeito queria esperar que o pai envelhecesse, adoecesse e morresse - e fosse sepultado, para então seguir a Jesus. Mas ainda que o pai já estivesse morto, se Jesus chamou, era para ter ido de imediato.
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