O Sr. Silas Malafaia vê perseguição religiosa em tudo. Veio a público, em seu programa de TV, dizer que a Prefeitura Municipal de São Paulo persegue a Igreja Mundial do Poder de Deus ao fechar sua sede devido a problemas estruturais e de alto volume de som. Para o Sr. Malafaia, a Prefeitura fechou o prédio por outro motivo que não as irregularidades administrativas.
Certamente Silas Malafaia gostaria de que aquele prédio da Renascer cujo teto desabou há não muito tempo ainda estivesse aprovado pela Prefeitura. Fechá-lo seria um atestado de perseguição. Ocorre que o desabamento, com mortos e feridos, é um fato concreto e doloroso.
Um discurso recorrente a políticos é dizer que o erro também é dos outros, que todo mundo faz, que a imprensa e os órgãos fiscalizadores deveriam se ocupar dos demais, em vez de olhar somente para as suas mazelas. É assim o discurso de mensaleiros, aloprados, sanguessugas, valdomiros, e de tudo o que se faz de absurdo no Governo Lula. O Partido dos Trabalhadores gosta de dizer que as elites procuram persegui-lo com acusações de corrupção. Esse discurso desviante é usado por Silas Malafaia ao defender a igreja de Valdemiro Santiago.
Nada tenho contra a pessoa de Silas Malafaia ou Valdemiro Santiago, mas tenho tudo contra suas doutrinas estranhas. Chega de abaixarmos a cabeça para as heresias de Silas Malafaia! Um homem que recebe Mike Murdock e Morris Cerullo para pedirem dinheiro como semeadura e investimento espiritual não pode ser o porta-voz da igreja brasileira. Um homem que defende Valdemiro Santiago contra as leis administrativas não pode ser considerado o legítimo representante do evangelicalismo genuíno. Pode ser representante da crise evangélica brasileira, mas não do evangelicalismo verdadeiro.
Elogiei, neste mesmo espaço, a atuação de Silas Malafaia num debate, no Programa do Ratinho, sobre o PLC 122/06. Se ficasse nisso, cumpriria bem seu papel. Mas, não: alguma coisa aconteceu e Silas Malafaia resolveu mudar profundamente. Seu raciocínio muitas vezes parece claro, mas noutras vezes se mostra opaco. Fechar um prédio irregular não é cercear a liberdade religiosa. Procurem-se os meios legais, notadamente a regularização perante a Prefeitura. Depois de tomadas todas as providências, a negativa da Prefeitura poderá ser analisada sob outro prisma.
Será que o povo evangélico é tão frágil assim em seu discernimento da realidade? Infelizmente, parece que boa parte o é.
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