Ontem, no primeiro culto que dirigi como Auxiliar, refleti com a igreja sobre dois textos que se encontram em Lc 5 e 7, os quais se referem, respectivamente, à "pesca maravilhosa" e à cura do servo de um centurião. Qual a relação entre eles? Muitas coisas podem ser ditas a esse respeito, mas destaco uma: a valorização da Palavra de Jesus.
No primeiro caso, mesmo depois de uma noite inteira de pescaria frustrada, Pedro obedeceu à ordem de Jesus dizendo "sob a tua palavra lançaremos a rede". O pescador teve fé. Somente a fé explicaria a atitude de lançar redes a um lago sem peixes. E os peixes apareceram.
No outro texto, o centurião mandou avisarem a Jesus que Ele não precisaria ir à sua casa, mas tão-somente ordenar que seu servo fosse curado. "Basta a tua palavra e ele será curado". Jesus reconheceu a fé daquele homem, e o servo deste efetivamente teve sua saúde restaurada.
Tanto o pescador Pedro como o centurião anônimo entenderam que a Palavra de Jesus tem valor em si. Ela não precisa ser coisificada, materializada. Não demanda o uso e fetiches. A Palavra de Jesus vai além de distâncias e impossibilidades. A Palavra de Jesus é a fonte e a causa de quaisquer iniciativas autênticas no Reino de Deus, como no caso da pesca maravilhosa, que só ocorreu por sujeição à ordem do SENHOR, não tendo partido da opinião, sensação ou experiência de Pedro.
Precisamos aprender com Pedro: a Palavra de Jesus é que dá impulso e fundamento a nossas atitudes boas e poderosas na Obra de Deus e em nossas próprias atividades. E precisamos aprender com o centurião: a Palavra de Jesus cura por si mesma, não necessitando de coisas como, por exemplo, galhos de arruda, sal grosso ou quaisquer objetos supostamente santos. Não somos pajés.
A materialização da fé é falta de fé porque considera que o homem precisa ver para crer. Pedro agiu contra a esperança normal de um pescador experiente, que seria a de não ver nenhum peixe na rede depois de uma noite frustrada. O centurião creu em Jesus de maneira especial, entendendo que o poder reside em Sua Pessoa.
Não é hermeneuticamente errado aplicarmos essas passagens à Bíblia, a Palavra de Deus. Jesus é o Verbo Encarnado. Vale o que na Bíblia está escrito, e o que nela está escrito remete a Jesus, seu tema principal. Ir além da Bíblia é demonstrar falta de fé. Ela deve ser nosso fundamento. A Palavra de Jesus é a Causa, Meio e Finalidade de nossa vida e missão.
Um comentário:
Muito boa a pregação (acredito que o teu ministério será uma bênção na congregação). Eu só acrescentaria que Deus, em sua misericórdia infinita, às vezes achega-se a nós - ou permite que nos acheguemos a ele, no nível em que estamos, mesmo sem ser aquela fé pujante e desejável. Lembro-me da mulher que tinha o fluxo de sangue - "se eu somente lhe tocar nas vestes, ficarei curada" - era o caso de se questionar, "mulher, que história é essa de precisar tocar na orla da veste dele? Creia somente..." mas Jesus a curou mesmo assim. Acredito, também, que quem tem uma fé digamos, fraca, como a daquela mulher, também deve procurar crescer, amadurecer. Oxalá fôramos todos como o centurião, ou mesmo como Pedro naquele episódio. Mas é bom saber que o Mestre nos ama mesmo quando nossa fé é fraca. Isso não é o mesmo que a "feitiçaria evangélica" da Universal. Qualquer dia desses, eles começarão a vender "orlas da veste de Jesus"... para o povo tocar! Aqui na cidade onde eu resido, uma mulher comprou, por uns dez reais - isso há uns dez anos, valia muito mais naquele tempo - pasmem, uma "varinha mágica" na Universal local! Varinha mágica! Até hoje não conseguiu nenhuma mágica com a tal varinha, desnecessário é dizer...
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