Era pequeno quando a psicóloga Marta Suplicy falava no programa TV Mulher sobre sexualidade. Eu não sabia do que ela falava, pois era criança, mas lembro alguma coisa do programa matutino, como a música de abertura e outros lances meio apagados em minha memória distante.
A sexóloga Marta Suplicy celebrizou-se por defender temas polêmicos - e anti-bíblicos - como a união civil de homossexuais e a tal "diversidade" sexual. Assim ela foi eleita deputada federal, e depois prefeita da maior e mais rica cidade do País - São Paulo -, quando veio a se divorciar do respeitado senador Eduardo Suplicy, cujo nome ela ainda carrega.
Ora, leio e ouço alguns comentaristas políticos dizendo que Marta Suplicy venceu o preconceito e teve coragem de romper o casamento e ficar com o argentino Luis Favre, o que seria, dizem, um ato de coragem, frente ao risco político diante da sociedade civil. Entretanto, esses mesmos comentaristas se assustam, e com grande razão, com a atitude da campanha de Marta Suplicy ao questionar maldosamente se o prefeito Gilberto Kassab é casado e se tem filhos...A indagação foi claramente uma tentativa de dizer que Kassab seria homossexual, o que até mesmo homossexuais do PT reconheceram como um gesto "homofóbico".
Que coisa, não? A senhora da diversidade sexual, a paladina da liberação dos costumes, deixa que veiculem em seu programa eleitoral um ataque gratuito à privacidade do adversário, com insinuação sobre sua sexualidade, quando ela mesma diz achar normal que pessoas do mesmo sexo formem união civil, sendo ela, diga-se de passagem, a autora de um projeto de lei nesse sentido, mas que não foi aprovado - ao menos ainda.
Esse erro da Sra. Marta Suplicy foi gravíssimo porque intentou criar uma dúvida sem fundamento sobre a esfera privada do adversário, e foi mais grave ainda porque proveio dela, o que mostra como as pessoas podem transigir com seus valores (ou desvalores?) morais com o uso de métodos pragmáticos, em tempos de declínio nas pesquisas de intenção de voto.
Até considero que a vida privada do candidato deva ser analisada na medida em que isso possa repercutir na vida pública. Como diz a cientista política Lúcia Hippólito, da Rádio CBN, é importante saber se o candidato bate na mulher, se bebe, se suas empresas vão à falência, se ele se beneficia erroneamente do dinheiro público etc.
Penso que a opção sexual do candidato poderia entrar na pauta eleitoral se o objetivo fosse dialogar com aqueles setores sociais que, a exemplo dos evangélicos, discordam da Causa Gay. Sim, isso seria razoável para que o eleitor tivesse a oportunidade de pensar se escolheria como seu representante político uma pessoa homossexual, pois, para esse eleitor, esse aspecto teria a ver com a ética pessoal, com a moralidade. Mas o que pretendo frisar aqui é que esse não foi o objetivo da Sra. Marta Suplicy - o que ela quis foi tomar votos aos eleitores que ainda preservam valores familiares tradicionais, algo que ela há muito tempo não defende, dada a maneira como construiu sua vida pública.
Tudo isso é muito incoerente, e deve relembrar a todos nós o que Fernando Collor fez a Lula em 1989, no episódio Miriam Cordeiro...Será que os petistas não aprendem nem com os erros dos outros?
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