terça-feira, 18 de maio de 2010

O "irmão vota em irmão" não serve para Marina Silva?

Critico veementemente a ideia de votar em um candidato só porque ele é evangélico. Muitos crentes declaram apoio a outros crentes sem sequer conhecer sua biografia ou plataforma política. Rebanhos de Deus são tratados como currais eleitorais. Pastores levam candidatos para suas igrejas e dizem que são candidatos naturais. Faz-se um tipo de voto de cabresto. Criam-se discursos em favor de candidatos evangélicos com argumentos supostamente bíblicos e espirituais. Comissões de política existem dentro de igrejas e não sei se sua intenção é orientar as ovelhas sobre a política à luz da Bíblia ou simplesmente dizer como a igreja deve se comportar frente às eleições, visando a interesses menores, corporativistas.
Em 2002, Anthony Garotinho ficou em terceiro lugar na eleição para presidente da República com o voto - suponho - de muitos evangélicos. Passou à frente de Ciro Gomes. Era, naquela época, do PSB, partido que Ciro Gomes depois abraçou quando se desentendeu com o PPS. Lembro de que naquele ano, em Minas Gerais, o filho do lendário Pr. Anselmo Silvestre, então presidente da Convenção da Assembleia de Deus mineira, se candidatou a deputado federal pelo PSB e foi eleito - nem sei se ele era mesmo socialista, se alinhava sua ideologia à de Miguel Arraes ou se conhecera alguma coisa de Pedro Aleixo. O fato concreto é que em 2006 Isaías Silvestre, já deputado, deixou de ser eleito por ter sido citado no Escândalo das Sanguessugas, que eclodiu naquele mesmo ano. O filho de Anselmo Silvestre não recebeu novo voto de confiança de seus irmãos assembleianos.
Comentei aqui em post recente a notícia jornalística de que o tucano José Serra foi saudado como futuro presidente no Congresso Gideões Missionários da Última Hora em Camboriú/SC, evento que contou com não pouco dinheiro dado pela prefeitura da cidade e pelo governo do Estado, ambos comandados por tucanos.
Dilma Rousseff participou do aniversário do Pr. José Wellington Bezerra da Costa no ano passado. Ele é o presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil.
Quanto a Marina Silva, assembleiana, cristã que dá testemunho autêntico, e que defende valores bíblicos, não vejo o mesmo comportamento por parte dos evangélicos. E isso comprova a tese de que o "irmão vota em irmão" não é lá muito coerente. Se fosse para votar em "irmão", que isso se sustentasse em princípios cristãos, e não em fisiologismo.
Anthony Garotinho propalava aos quatro cantos sua condição evangélica. Não duvido de que seja crente, mas discordo de sua postura. Já Marina Silva se tornou conhecida por sua defesa do meio ambiente, e não por uma bandeira evangélico-fisiológica.
Antes que alguém pense, não estou declarando meu voto, mas constatando uma realidade: procurem saber sobre Marina Silva e verão os evangélicos que ela não se promove como evangélica para ganhar votos dos seus irmãos. Ela é tratada na imprensa como ex-ministra do Meio Ambiente, senadora, defensora do desenvolvimento sustentável, e sua condição de evangélica tem tratamento adequado à maneira como lida com a sua fé.
Sei que, na hipótese de Marina Silva crescer nas pesquisas, os petistas não hesitarão nem um pouco em chamá-la de "obscurantista", embora ela não o seja. Usarão o fato de ela ser evangélica para tachá-la de medieval e fundamentalista. Marta Suplicy aprecia essa forma de "luta", como quando deixou passar a insinuação sobre a orientação sexual de Gilberto Kassab em 2008 - se seus asseclas brincaram justamente com a questão homossexual, tão cara a Marta, por que deixariam isenta de fúria o evangelicalismo de Marina?
Nesta semana, a própria Marta Suplicy disse que Fernando Gabeira foi sequestrador e que foi escalado para matar Charles Elbrick, o embaixador americano. Se ela brinca com a luta armada, algo de que Dilma Rousseff ainda se orgulha, por que não dirigiria sua fúria contra Marina?
Ocorre que Marina Silva, volto a dizer, não se apresenta prioritariamente como evangélica, e não faz disso um caminho fácil para ganhar votos. Num país com milhões de evangélicos a tentação não deve ser pequena, considerando o grande número de crentes influenciáveis por discursos de espiritualização da política.
Bem por isso, não se deve esperar que massas de evangélicos votem em Marina Silva. O que se pretende com o "irmão vota em irmão" não é o avanço da justiça do Reino de Deus neste mundo tenebroso, mas a conquista do poder por um segmento social que por acaso atende pelo nome de "evangélico".
Compare-se Marina Silva e a bancada evangélica na Câmara dos Deputados. Compare-se Marina Silva e os políticos evangélicos que se conhece, espalhados em diversos partidos. Compare-se Marina Silva e os representantes políticos da Universal. Compare-se Marina Silva e os políticos denominacionais. E se responda à seguinte indagação: eles se parecem em que?

6 comentários:

João Armando disse...

O episódio da prisão do secretário de segurança pública do Garotinho por formação de quadrilha e outros crimes lança muita luz sobre ele, como administrador público. Ou foi ingênuo, e não se espera isso de um governador, ou foi conivente. Não votaria nele por se dizer crente, e tampouco por sua ação política.

claudiopimenta disse...

Pra mim qualquer parlamentar eleito deve trabalhar em favor do povo em geral , e nao puxar a sardinha para quem quer que seja, particularmente nao voto em evangelicos, catolicos ,budistas ou qualquer outro veligioso, voto no homem ,na pessoa , no carater, na diguinidade pois nossos evangelicos via de regra a maioria foi ou esta envolvida em escandalos, seja mafia das propinas ou ambulancias , ou sangue-sugas

claudiopimenta disse...

Ainda dentro do tema, nao vejo base biblica para envolvimento do cristao com essa sujeira ,veja os argumentos:
so para nao esticar a baladereira quase todos os politicos evangelicos se envolveram em escandalos de desonestidade desde a mafia das ambulancias aos sangeussugas


://wwwpicaretologos.blogspot.com/

veja o texto ou o link acima

Vai começar a campanha eleitoral tanto nas TV, rádios, ruas, e lamentavelmente nas IGREJAS evangélicas, cristãos que professam conhecer o evangelho de Jesus Cristo, mas que na verdade gostam de atolar em uma lama, por isso entram para politica, porque é um meio corrupto legalizado, aonde se faz de tudo em nome da politica, e porque um cristão quer está neste meio, para se beneficiar materialmente, e satisfazer o seu desejo por corrupção, que natural do homem, somos por natureza corruptos e caídos, quem for o santo ai, que atire a primeira pedra, senão nos colocarmos na presença de Jesus Cristo, a todo instante, nossa mente é inundada por pensamentos maligno, pecaminosos, e seremos eternos pecadores, até a morte, por isso estou postando um artigo sobre porque não votar em canditados evangélicos do autor Humberto Fontes.

claudiopimenta disse...

Uma análise sobre o envolvimento dos cristãos bíblicos com a política. "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" [2 Timóteo 2:4]

Podem achar que é radicalismo da minha parte, que sou retrógrado, alienado político ou o que for; mas não voto em candidato algum já há algum tempo, anulando meu voto, pois não vejo ninguém digno de ser eleito neste país, tendo em vista tanta corrupção que presenciamos. "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" [Jeremias 17:5].
Acima de tudo, como sou um cristão bíblico, não vejo qualquer base para participar do sistema corrupto deste mundo, que jaz no maligno, pois: "Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno." [1 João 5:19]. Diante disto, mesmo sendo crente, NÃO VOTO EM EVANGÉLICO!
Devemos nos lembrar que, como igreja: "... a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo." [Filipenses 3:20].
Temos de votar por obrigação legal; mas, creio que o crente não deve tomar parte na política, sob nenhuma forma, nem elegendo os oportunistas e muito menos sendo candidato: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." [1 João 2:15].
Sabemos que Deus é quem coloca as autoridades no poder (Daniel 2:21; Romanos 13:1-2) e, sendo assim, Sua vontade é perfeita e nosso voto não vai mudar ou melhorar as coisas, pois a Bíblia nos mostra que este mundo não vai melhorar. Pelo contrário, só vai piorar, pois: "... os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados." [2 Timóteo 3:13]. Infelizmente, a igreja também irá de mal a pior, porque: "O Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios." [1 Timóteo 4:1].

claudiopimenta disse...

Para a nossa surpresa e espanto, no dia da entrega dos presentes às crianças, o “pastor” e sua família compareceram vestidos com a camisa de uma candidata ao cargo de Vereador (que, pasmem, era a própria esposa do “pastor”!), transmitindo à comunidade, a “mensagem subliminar” de que quem estava doando os brinquedos era a tal candidata e não a igreja. Aquilo foi um verdadeiro TERROR!
Mesmo se eu votasse em alguém, JAMAIS VOTARIA EM EVANGÉLICOS para ocuparem cargos políticos (muito menos em pastores!), pois é sabido que o poder corrompe e crente não deve participar desse jugo desigual: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." [Lucas 16:13].
Os exemplos que já tivemos de políticos evangélicos foram escandalosos demais (deputados sanguessugas, ambulâncias superfaturadas, dinheiro escondido na cueca de certos políticos-bispos, até malas cheias de dinheiros provenientes dos dízimos dos fiéis, etc.) e não quero ser cúmplice desses escândalos e nem vê-los repetidos. Como diz um famoso âncora de notícias: “Isto é uma vergonha!”
Esses políticos causaram escândalos ao evangelho e ao nome Santo do Senhor, comprovando que aqueles que neles confiaram, foram ludibriados. A Bíblia diz: "Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" [Mateus 18:7].
Mas, se mesmo assim, algum evangélico pretende concorrer nas eleições, como uma actividade secular, que faça isso sem confundir as coisas; isto é, sem misturar seus interesses políticos (por melhores que sejam) com o Corpo de Cristo, a igreja.
Quando o candidato é um pastor, a complicação é ainda maior. É absolutamente impressionante a quantidade de pastores concorrendo aos cargos eletivos nas eleições deste ano. Não quero favorecer os oportunistas, "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." [Romanos 16:18].

claudiopimenta disse...

Um dos motivos que me levam a escrever sobre este tema tão polémico é devido ao fato de eu já ter passado por um problema envolvendo política, em uma igreja, na qual minha esposa e eu congregávamos. Na ocasião, foram arrecadados, pelos irmãos, vários brinquedos para serem doados a uma comunidade carente.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.