Minha filha de quatro anos viu Inri Cristo num vídeo na internet e me disse: "Esse homem brinca de Deus, não é"? Pouco antes, ela perguntou: "Por que chamam ele de Cristo"?
As crianças são espertas. Quem vê um homem desses com aquele sotaque, aquelas roupas e aquele jeito não deveria achar que ele é o Cristo, mas há um grupo que acha. São poucas pessoas, eu sei, mas basta um indivíduo acreditar naquele homem para eu achar esquisito. Acredita-se em tudo.
Inri Cristo é uma figura folclórica e humorística para a maioria das pessoas, e motivos ele oferece de sobra. Mas há "cristos" muito mais perigosos. Um deles é o sul-coreano Rev. Moon, que também afirma ser o Messias, que teria vindo à Terra para cumprir o que Jesus "não conseguiu" - formar uma família. Com essa mentalidade, o que o Rev. Moon conseguiu foi criar problemas com a Justiça americana por causa de sonegação fiscal, e uma grande propriedade rural no Mato Grosso do Sul. Ele, diferentemente de Inri suposto Cristo, tem grande número de seguidores em vários países. Acredita-se no que se quer.
Mas o falso cristo não é apenas o que se declara messias. Falsos cristos são todos aqueles que divulgam poderes e revelações especiais, como se tivessem status espiritual elevado, acima dos crentes comuns. O falso cristo diz ter uma "prece forte", uma intimidade especial com o Espírito Santo, um poder singular de cura, uma mediação direta com o Altíssimo. Nesse sentido, há muitos falsos cristos no Brasil, terra de enorme criatividade.
As pessoas que buscam os falsos cristos não têm fé, mas credulidade. Elas precisam acreditar em alguma coisa. O falso cristo lhes aparece como sendo um caminho fácil, uma passagem rápida para as bênçãos e milagres, a materialização de um deus que para elas é distante, porque não conhecem ou têm imaturidade em seu conhecimento bíblico. Em lugar das antigas imagens de escultura do Catolicismo, os "cristãos-novos" do evangelicalismo brasileiro acham que precisam de cristos bem perto de si. Infelizmente, não entenderam o que significa sacerdócio universal, Igreja, discipulado, imitar a Cristo, filiação divina, fé comum, comunhão dos santos, liberdade cristã. Precisam de gurus, não de líderes. Precisam de senhores, não de pastores. Acham maravilhoso que seus "apóstolos" e "bispos" sejam ricos, influentes e midiáticos. Se o seu interesse é terreno, seu deus e seu cristo o serão.
Brincam de Deus aqueles que prometem o que Deus não prometeu, que mentem descaradamente, que usam de "palavras fictícias", para usar uma expressão petrina. Eles infringem o mandamento do "Não usarás o Nome do SENHOR teu Deus em vão", pois colocam o Nome de Deus onde Ele não ordenou.
Esses falsos cristos têm muitos seguidores, sim, muito mais do que o anedótico Inri suposto Cristo. Eles estão com muito empenho em nossas igrejas, especialmente nas pentecostais e neopentecostais. O povo gosta disso. Lamento informar que, na verdade, em matéria de conhecimento do Deus Verdadeiro vox populi nunca foi vox Dei.
Um comentário:
Muito bom o texto. É fato - fé é questão de DECISÃO. Cremos naquilo que DECIDIMOS crer. A voz do povo é, amiúde, a voz do diabo. É só lembrar que a porta que leva à perdição é LARGA, o caminho é ESPAÇOSO, e MUITOS são os que transitam por ali. Muitos são os chamados, poucos os escolhidos.
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