quarta-feira, 21 de abril de 2010

Brincando de Deus

Minha filha de quatro anos viu Inri Cristo num vídeo na internet e me disse: "Esse homem brinca de Deus, não é"? Pouco antes, ela perguntou: "Por que chamam ele de Cristo"?
As crianças são espertas. Quem vê um homem desses com aquele sotaque, aquelas roupas e aquele jeito não deveria achar que ele é o Cristo, mas há um grupo que acha. São poucas pessoas, eu sei, mas basta um indivíduo acreditar naquele homem para eu achar esquisito. Acredita-se em tudo.
Inri Cristo é uma figura folclórica e humorística para a maioria das pessoas, e motivos ele oferece de sobra. Mas há "cristos" muito mais perigosos. Um deles é o sul-coreano Rev. Moon, que também afirma ser o Messias, que teria vindo à Terra para cumprir o que Jesus "não conseguiu" - formar uma família. Com essa mentalidade, o que o Rev. Moon conseguiu foi criar problemas com a Justiça americana por causa de sonegação fiscal, e uma grande propriedade rural no Mato Grosso do Sul. Ele, diferentemente de Inri suposto Cristo, tem grande número de seguidores em vários países. Acredita-se no que se quer.
Mas o falso cristo não é apenas o que se declara messias. Falsos cristos são todos aqueles que divulgam poderes e revelações especiais, como se tivessem status espiritual elevado, acima dos crentes comuns. O falso cristo diz ter uma "prece forte", uma intimidade especial com o Espírito Santo, um poder singular de cura, uma mediação direta com o Altíssimo. Nesse sentido, há muitos falsos cristos no Brasil, terra de enorme criatividade.
As pessoas que buscam os falsos cristos não têm , mas credulidade. Elas precisam acreditar em alguma coisa. O falso cristo lhes aparece como sendo um caminho fácil, uma passagem rápida para as bênçãos e milagres, a materialização de um deus que para elas é distante, porque não conhecem ou têm imaturidade em seu conhecimento bíblico. Em lugar das antigas imagens de escultura do Catolicismo, os "cristãos-novos" do evangelicalismo brasileiro acham que precisam de cristos bem perto de si. Infelizmente, não entenderam o que significa sacerdócio universal, Igreja, discipulado, imitar a Cristo, filiação divina, fé comum, comunhão dos santos, liberdade cristã. Precisam de gurus, não de líderes. Precisam de senhores, não de pastores. Acham maravilhoso que seus "apóstolos" e "bispos" sejam ricos, influentes e midiáticos. Se o seu interesse é terreno, seu deus e seu cristo o serão.
Brincam de Deus aqueles que prometem o que Deus não prometeu, que mentem descaradamente, que usam de "palavras fictícias", para usar uma expressão petrina. Eles infringem o mandamento do "Não usarás o Nome do SENHOR teu Deus em vão", pois colocam o Nome de Deus onde Ele não ordenou.
Esses falsos cristos têm muitos seguidores, sim, muito mais do que o anedótico Inri suposto Cristo. Eles estão com muito empenho em nossas igrejas, especialmente nas pentecostais e neopentecostais. O povo gosta disso. Lamento informar que, na verdade, em matéria de conhecimento do Deus Verdadeiro vox populi nunca foi vox Dei.

Um comentário:

João Armando disse...

Muito bom o texto. É fato - fé é questão de DECISÃO. Cremos naquilo que DECIDIMOS crer. A voz do povo é, amiúde, a voz do diabo. É só lembrar que a porta que leva à perdição é LARGA, o caminho é ESPAÇOSO, e MUITOS são os que transitam por ali. Muitos são os chamados, poucos os escolhidos.



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.