sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Blog fará dois anos em 24 de janeiro - um pouco de história


Este blog está para completar dois anos em 24 de janeiro próximo. Eu o iniciei por sugestão de meu tio Gilberto Esteves da Rocha, numa conversa telefônica, quando ainda morava em Campo Grande/MS e estudava teologia (curso que não completei).
Em 2008, eu escrevia quase diariamente. Fui criando um estilo, percebendo minhas áreas de interesse, me acostumando a tratar de assuntos teológicos e não teológicos, escrevendo sobre coisas variadas que os jornais noticiavam. Passei a expor ideias antigas e outras que surgiam, e a desabafar sobre a problemática da Igreja brasileira.
Em 2009, escrevi bem menos, enquanto me adaptava à mudança para a Bahia, minha terra natal, e me via inicialmente dividido entre Alagoinhas, onde nasci, e Salvador, onde passei a trabalhar. Depois, mudamos para Salvador, e demorei um pouco a retomar o ritmo de postagens. Creio que ainda não estou como em 2008, mas poderemos chegar lá, se Deus quiser.
O blog foi bom para meu curso na faculdade, pois as horas que passava escrevendo e estudando me serviram no tempo de estágio. Também tenho exercitado o raciocínio e a crítica.
Sei que muitas pessoas passam pelo blog, mas não as contabilizo. A maioria delas não deixa comentários.
Por outro lado, há alguns poucos que comentam com alguma frequência ou se tornaram "seguidores", sendo que, a partir do blog, com a indicação feita pelo meu amigo Marcos de Jesus, Promotor de Justiça no Ceará, fiz amizade com João Armando, médico oncologista naquele mesmo Estado. O João Armando faz comentários frequentes, e já trocamos vários e-mails em decorrência dessa amizade.
Embora em 2009 eu tenha escrito menos, aproveitei para escrever um livro, que ainda precisa ser ampliado e aperfeiçoado. É como se eu tivesse usado o tempo do blog para escrever o opúsculo. Foi um bom exercício, e espero publicá-lo em breve, depois de estudos necessários.
Nessa jornada de quase dois anos, recebi comentários de incentivo e alguns comentários bastante ácidos, para dizer o mínimo. Mas é isso aí, estou aqui para ser criticado, não para ser elogiado. É para fomentar o debate saudável que eu estou aqui neste espaço, não para arrebanhar asseclas inconscientes.
Cheguei algumas vezes a pensar em desistir dessa atividade de editor de blog, mas minhas inquietações me impedem de ficar sem um espaço para publicar ideias. Este é meu púlpito, meu único púlpito, e os internautas são o meu público.
Pela misericórdia de Deus, uso as ferramentas que Ele me concedeu para colaborar com a edificação de algumas pessoas. Dentre as mais de 460 postagens, penso que alguém deve ter sido abençoado, porque essa obra pertence a Deus.
Filho de um artesão e uma professora aposentada pelo Estado da Bahia, ambos piauienses, irmão mais velho de duas baianas nascidas em Alagoinhas, fiz meu segundo grau (hoje ensino médio) na Fundação José Carvalho, escola filantrópica de uma rede criada por um homem rico, dono de uma siderúrgica sediada em Pojuca/BA, onde também fica a escola. Entrei lá por conta de um concurso realizado em 1991, quanto tinha 14 anos.
Depois, em 1995, fiz o vestibular para Psicologia na UFBA e não passei. Fiquei o ano de 1995 em Alagoinhas, junto com minha família, e esse foi um dos melhores anos de minha vida: após passar três anos morando em repúblicas em Pojuca, e viajando aos finais de semana para a minha cidade, passei o ano inteiro com meus pais e irmãs, e me firmei no Evangelho. Foi nessa época que eu dei minhas primeiras aulas de escola dominical e fiz minhas primeiras pregações, com 18 anos. De tão alegre com a minha fé mais sólida - embora "nascido no Evangelho" e batizado em 1992 -, cheguei a compor várias canções em 1995, retratando a verdade evangélica na qual passei a crer com maior vigor.
Em 1996, passei em dois dos três vestibulares que prestei: Direito na Universidade Federal de Viçosa e História na Universidade do Estado da Bahia, na qual fiquei em primeiro lugar entre os candidatos de História. Tudo isso pela misericórdia de Deus, e com dificuldades, pois paguei meu curso pré-vestibular com as aulas particulares que dava em casa.
De 1996 a 2001, fiz o curso de Direito em Viçosa, onde conheci muitos cristãos de igrejas diferentes, cresci como pessoa, abri minha mente, cometi muitos erros, amadureci, frequentei a Assembleia de Deus de Madureira e a Segunda Igreja Batista, conheci e passei a namorar a Miriam, que é minha esposa, participei ativamente da Aliança Bíblica Universitária (onde conheci a Miriam), do Grupo Pentecostal de Evangelização Universitária e frequentei as reuniões do Ministério Campus. Tive duas bolsas de pesquisa do CNPq, passei dificuldades financeiras, trabalhei na biblioteca setorial do Direito para ter um cartão que me desse direito a fazer refeições no Restaurante Universitário. Fiz o curso com pessoas que em geral tinham melhores condições financeiras do que eu. Mas chegamos juntos no dia 29 de março de 2001 para pegar o diploma, graças ao Eterno Deus.
Formado em Direito e desempregado, fui para Sete Lagoas/MG, onde a família de minha então namorada foi morar. Fiz concursos. Queria casar e não tinha dinheiro. Passei para escrevente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e foi como escrevente que comecei a minha vida. Casei, tivemos uma filha, construímos uma casinha com financiamento da Caixa Econômica Federal. Foi o período de 2001 a 2006, com um intervalo de dezembro de 2002 a maio de 2003, quando estive em Alagoinhas tentando advogar enquanto o Tribunal não me chamava, o que só ocorreu em julho de 2003.
Em Sete Lagoas/MG eu cheguei querendo anonimato e sossego. Para isso, a congregação de poucas pessoas no bairro era ideal. Eu dava aulas de escola dominical, pregava e vivia aquela simplicidade ali com os irmãos, numa igreja desprovida de tudo, que ficava depois de uma descida feia e sem asfalto. Depois, estivemos por pouco tempo, em 2004, numa igreja fundada por um pastor dissidente da Assembleia de Deus, e retornamos em 2005, quando passamos a frequentar uma congregação do outro lado da cidade. Ainda em 2005 ou no começo de 2006, fomos para a sede, onde dei aulas aos jovens. De lá, fiquei sabendo em cima da hora que o Ministério Público da União me nomeara, e eu sequer lembrava que havia feito concurso para Analista Processual em 2004 - só lembrava que tinha feito concurso para o MPU, mas não lembrava que era cargo de nível superior.
Assim, rumei para Campo Grande/MS rapidamente em 30 de dezembro de 2006, de ônibus, pois não tinha dinheiro para a passagem de avião. Passei uns dias na casa da família Castilho, por indicação de meu cunhado, o pastor Ayumi Suzuki. Foram quase dois anos em Campo Grande/MS, de janeiro de 2007 a novembro de 2008, trabalhando no Ministério Público Militar, estudando na Faculdade Theológica (FATHEL) e participando da Assembleia de Deus como professor de escola dominical.
Tanto em Viçosa/MG, como em Sete Lagoas/MG e Campo Grande/MG nós fizemos muitas amizades, além de enfrentar problemas eclesiásticos e conflitos teológicos.
Confesso que, certo dia, estando eu na faculdade, minha esposa recebeu a ligação de um pastor perguntando se eu era "batizado com o Espírito Santo". Minha esposa disse que não. Resultado: logo depois, estando eu no trabalho, telefonou-me um pastor amigo, dizendo-me que a ideia do pastor-presidente era me separar para presbítero. Não o faria pela ausência do batismo com fogo - ou seja, por não ter falado em línguas.
Por providência de Deus, consegui remoção para Salvador, onde trabalho no Ministério Público Federal, outro ramo do MPU. Hoje faço pareceres jurídicos nas licitações da Procuradoria da República no Estado da Bahia. Ainda não nos enturmamos, não nos encontramos, não nos sintonizamos com a Assembleia de Deus local. Congregamos numa igreja da Ribeira, mas ainda não tomamos pé da Assembleia de Deus na cidade.
Temos enfrentado problemas de saúde na minha família: mãe com diabetes a ser controlada, sogro com sequelas de um AVC, além dos cuidados normais de quem é casado, tem dois filhos, abriga os sogros e ainda não se adaptou totalmente ao novo endereço.
Estou escrevendo essas coisas, e talvez alguém pense que isso tudo aumente minha vulnerabilidade. Mas quero dizer que por trás desse blog existe uma pessoa nordestina que saiu do interior da Bahia, sem dinheiro - e se fosse hoje, sem direito a cotas -, para cursar Direito numa das mais conceituadas universidades federais do país, e que por quase treze anos morou em duas regiões e três cidades bem diferentes, convivendo com crentes de variados matizes e seus problemas e qualidades. Aos 32 anos de idade, tenho essa experiência aqui relatada, e uma vocação que Deus me fez, um chamado que dos Céus desceu ao meu coração e que ainda queima no meu peito, embora admita que, por intempéries sofridas, a chama esteja amainando com o tempo.
Não sou presbítero, não sou pastor, não sou diácono, e, como certo pastor me disse ao telefone certa vez, há quem pense, como ele, que não tenho autoridade nem experiência com o Espírito Santo por não ter sido batizado com o Espírito Santo. Mas tenho, sim, fé no sacrifício de Cristo, que morreu por mim para perdão de pecados. E é o poder de Deus que me move a escrever certas coisas difíceis, é o poder de Deus que me faz escrever, juntar uma letra à outra e usar os conhecimentos jurídicos e teológicos para estabelecer uma ponte com algumas pessoas.
Lembro que em 2002 ou 2003 eu dava uma aula na congregação assembleiana onde congreguei de 1988 a 1996, quando ouvi um cidadão, namorado de uma moça da igreja, e que não me conhecia, dizer: "Só porque é advogado". Conquanto eu seja míope, ouço muito bem. Ele não sabe que antes de ser advogado eu era um menino pobre, filho de um artesão e de uma professora, que pregava desde 1995. Mas isso não importa. Deus é que importa!
Uso as ferramentas que Deus me deu. Foi Ele Quem me criou, foi Deus Quem me arrancou de onde eu estava para sair e depois voltar com a mente menos obtusa, menos tacanha que antes, quando era um assembleiano radical de 18 anos.
Perto de completar dois anos de blog, são estas as palavras que tenho a registrar. Relembrar minha história é uma forma de incentivar a mim mesmo na minha difícil e desprestigiada carreira de professor de escola dominical e crítico da situação da Igreja brasileira.

2 comentários:

Zack Cabral disse...

Linda a História Alex. Não sabia que tinha passado por tantas intempéries. Fico muito feliz de saber que venceu os obstáculos e pode apresentar-se hoje como um vencedor num país onde certas minorias têm direito a tudo e não conquistam metade do que você, com os próprios esforços e a providência divina, conquistaram.

Como disse antes para você, sua vida é um exemplo de coragem e ética. Isso, meu caro, são virtudes que o tornam muito mais valoroso que pretensos "pastores", "presbíteros", "diáconos", e presidentes de igrejas grandes, lideres de gabinete que envergonham o evangelho.

Que Deus te abençoe muito.

Oclécio Cabral

João Armando disse...

Legal ler a tua história! Aguardo o livro. E não importa se muitos ou poucos leem, ou comentam. Como você disse, vale a aprovação de Deus.



Fale comigo!

Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.