Com o título "Nenhuma biografia pode ser perfeita", não me refiro à capacidade do biógrafo, mas à vida do biografado. Todos somos pecadores (Rm 3.23). A Bíblia relata pecados cometidos e limitações sofridas por homens como Abraão, Jacó, Moisés, Aarão, Sansão, Jefté, Gideão, Davi, Salomão, Elias, Ezequias, Paulo, Pedro e Barnabé. Até Daniel, cuja conduta parece ilibada e não tem registros desabonadores, com certeza pecou, porque não há quem não peque. Se repararmos, por exemplo, na vida de José, um rapaz tão justo, veremos que ele instilava sentimentos ruins em seus irmãos, contando ao seu pai os erros por eles praticados, quando o melhor seria dar conselhos, conversar com eles, e ser mais prudente para não se expor.
Pertenço a uma denominação centenária que, por isso mesmo, tem seus pioneiros a menos de um século de distância. São homens como Daniel Berg, Gunnar Vingren, Joel Carlson, Nils Katsberg, Otto Nelson, Eurico Bergsten, Paulo Leivas Macalão, José Pimentel de Carvalho, Anselmo Silvestre, Túlio Barros Ferreira, Cícero Canuto de Lima, Alcebíades Vasconcelos, Rodrigo Santana, Aristóteles Bispo, Euclides Arlindo e muitos outros. Esses nomes percorrem a história das Assembleias de Deus no Brasil e se misturam à origem e ao desenvolvimento do Movimento Pentecostal por aqui. São lembrados com muita honra por todos aqueles que apreciam o Pentecostalismo Histórico - e não essa gama de besteiras que se propalam como se fosse pentecostalismo, como se fosse coisa da Assembleia de Deus histórica.
Mas é bom atinarmos para o fato de que esses homens - alguns deles ainda vivos - não foram ou não são perfeitos. E, sabendo disso, qualquer biografia que os coloque num pedestal de heroísmo exagerado não pode ser tomada senão como fruto de grande admiração, quando não há outro sentimento a motivar a biografia.
Certa vez, em Campo Grande/MS, conversando num jantar com o Pastor Key Iuassa, da Igreja Holiness, ele me disse que, na década de 1960, ao fazer uma pesquisa na Escola de Sociologia e Política da USP, teve a oportunidade de entrevistar Daniel Berg. Perguntei, entusiasmado: "Como ele era"? Ao perceber minha euforia, o pastor respondeu: "Era um homem gordo e desajeitado. Nós não temos essa coisa com os nossos líderes".
Boa resposta. Entendi o recado.
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