quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Evangélicos=80"

Alguns esquemas de corrupção deixam provas documentais. Aparentemente foi o que aconteceu com a quadrilha que supostamente se instalou no DF, já que a Polícia Federal, por meio da Operação Caixa de Pandora, encontrou, no dia 27 de novembro de 2009, agendas, papéis e livros-caixa contendo informações importantes sobre o chamado "Mensalão do DEM".
A matéria é da Revista Época deste final de semana: entre os documentos apreendidos junto a Domingos Lamoglia, ex-Chefe de Gabinete de José Roberto Arruda e, vejam só, Conselheiro afastado do Tribunal de Contas do DF, foi achada uma agenda de 2009 onde há registros que indicam, em tese, a atribuição de determinadas quantias a dois grupos - "pessoal" e "política". No grupo "política", tem-se registros como “Pesquisas=100”, “Evangélicos=80” e “Fraterna=100".
É isso mesmo: "Evangélicos=80". Mas, oitenta o quê? Seriam 80 mil reais? Haveria relação com a denominada "oração da propina", com o presidente da Câmara Legislativa que colocou dinheiro nas meias, com a deputada Eurides Brito, que, após trancar a porta da sala de Durval Barbosa, recebe dinheiro e o coloca na bolsa? Na chamada "oração da propina", os evangélicos Rubens César Brunelli e Leonardo Prudente estavam agradecendo a Deus pelo dinheiro assim obtido?
Essas são perguntas a que a Polícia Federal está buscando responder, e para isso vai colhendo provas e juntando indícios. Mas já dá para ficar estarrecido com a possibilidade de esse "evangélicos=80" não ser uma coisa boa.
É por isso que muita gente não quer mais ser classificada como "evangélica". Com uma anotação dessas, numa agenda suspeita, é realmente constrangedor para os evangélicos que defendem seus líderes a todo custo. Mas eu sou evangélico porque aceitei o Evangelho de Cristo, porque defendo a Fé Evangélica.
Da mesma forma, sou protestante, cristão, pentecostal, e ousaria dizer que sou reformado na acepção ampla. "Evangélico" é só mais um rótulo entre muitos, e nem sempre os cristãos foram chamados de "evangélicos". Em Antioquia, começamos a ser chamados de "cristãos" (At 11.26). O "evangelicalismo" é coisa muito mais recente, um desenvolvimento das igrejas protestantes iniciado no Séc. XX. A rigor, evangélicas ou evangelicais seriam igrejas oriundas do Fundamentalismo, porém de matiz moderada - com uma mensagem conservadora, mas não separatista. Todavia, no Brasil o termo "evangélico" abraça todos os segmentos não católicos, incluindo pentecostais, neopentecostais e históricos. Num vídeo postado no Youtube, o Rev. Augustus Nicodemus Lopes define Evangelicalismo, e diz que entre nós brasileiros o termo se liga principalmente aos neopentecostais (palestra na Conferência Fiel de 2006).
De toda sorte, evangélico é muito mais que um grupo a ser estudado pela Sociologia da Religião: em todas as épocas da Era Cristã, evangélica é a Fé em Deus conforme descrito nos Evangelhos. Gosto do seguinte texto de Paulo:
"Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica" (Fp 1.27).
Reformados, Batistas, Pentecostais, Neopentecostais: todos devemos defender a Fé Evangélica, independentemente do "que estão fazendo com a Igreja" - para usar o título de um excelente livro do Dr. Augustus Nicodemus (Mundo Cristão, 2008).
Entendendo o que significa a Fé Evangélica, fica mais feia a suspeita anotação "evangélicos=80". Uma palavra de significado tão profundo e bíblico não deveria cair em noticiários policiais. Mas, há que se aguardar a conclusão das investigações e do ulterior processo judicial. Aqui não prejulgamos.
Que Deus nos oriente.




3 comentários:

João Armando disse...

Os que se opõem a termos como "evangélico" substituem-nos por outros, tais como "discípulos" - que igualmente podem ser deturpados. Sim, o Novo Testamento usa muito mais a palavra "discípulo" do que "crente", mas lembro que muitos grupos heréticos também chamam seus adeptos de discípulos. Trocar seis por meia dúzia... O pior é que para o brasileiro mediano, qualquer cristão não católico seria um "evangélico", inclusive os russelitas ("Testemunhas de Jeová", os Mórmons. E onde encaixar os adventistas? Onde encaixar a CCB? (Congregação Cristã do Brasil)? Como você bem disse, o conceito é mais sociológico do que espiritual. Mas Deus conhece o seu povo.
Em tempo - também gosto muito dos livros do Rev. Augustus Nicodemus.

claudiopimenta disse...

Por isso quando alguem me pergunta se sou evangelico ,educadamente explico que sou cristao protestante pois evangelico virou sinonimo de safadeza

Alcançados para Alcançar disse...

Olá!

Faça-nos uma visita!!!!

Deus te abençoe!!!!

http://alcancadosparaalcancar.blogspot.com/

No amor de Cristo,
Victor e Fernanda



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
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No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
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Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
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E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.