quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Teologias políticas brasileiras

Do ano passado para cá, alguns políticos brasileiros lançaram mão de "teologias" heterodoxas ou que, ao menos, chamaram a atenção da opinião pública.
O presidente Lula, mais familiarizado às metáforas futebolísticas, justificou sua aliança com o PMDB afirmando que se Jesus Cristo estivesse aqui, certamente faria aliança com Judas. Assim, para o presidente petista, o PMDB é como Judas Iscariotes - um traidor, uma persona non grata.
O Mensalão do DEM do Distrito Federal revelou "teólogos" esquisitos. Os deputados distritais "evangélicos" Rubens César Brunelli e Leonando Prudente, este Presidente da Câmara Distrital, fizeram, junto com o ex-Secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, a oração que ficou conhecida como "oração da propina", comentada aqui neste blog, e que vale a pena transcrever mais uma vez:
“Pai, eu quero te agradecer por estarmos aqui. Sabemos que nós somos falhos, somos imperfeitos” (...) “Precisamos dessa tua cobertura, dessa tua graça, da tua sabedoria, de pessoas que tenham, senhor, armas para nos ajudar nessa guerra e, acima de tudo, todas as armas podem ser falhas, todos os planejamentos podem falhar, mas o senhor nunca falha”.
Já comentei o absurdo dessa suposta conversa com Deus. Comentei também a fala da deputada peemedebista, flagrada colocando dinheiro na bolsa, no mesmo escândalo mensaleiro de Brasília. Em sua defesa, citou o Salmo 37.5.
Agora, vem o governador do DF, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), pedir perdão pelos seus pecados e dizer que perdoa os que o insultam para que possa ser perdoado da mesma forma. Parece até conhecer a oração-modelo, em que Jesus ensina que o perdão do Pai está condicionado ao perdão ao próximo.
Temos, aqui, citações e reflexões de uma teologia forjada entre políticos brasileiros: a teologia pragmática de Lula, para quem é possível unir Jesus a Judas, se a relação custo-benefício for positiva; a teologia da oração segundo a qual uma conversa com Deus cobre, com Sua graça, todos os nossos planos; a teologia do saque da Palavra de Deus em defesa própria; e, finalmente, a teologia de que o perdão pode ser conseguido sem confissão de pecados.
Judas, oração, citação bíblica, perdão. Como nossos políticos estão ligados à religiosidade! Como a religião é procurada, paradoxalmente, para incrementar discursos estranhos! E, meu Deus! Como certos líderes religiosos se parecem com os políticos brasileiros!


4 comentários:

Unknown disse...

Fico surpreso como a manipulação da mídia em nossas mentes. É algo visível e patente. Não pretendo fazer a defesa de ninguém, não tenho procuração. Mas a forma como as imagens foram colocadas pra população é escandalosamente tendenciosa. 1º- as imagens veículadas primeiro mostram fatos acontecidos em 2006: lugar diferente, roupas diferentes, atores separados; as imagens veiculadas em segundo momento, aconteceram em set/2009: lugar diferente, roupas diferentes, atores juntos(está no inquerito da PF). 2º- os dois vídeos aparecem juntos, um, logo após o outro, com edição de imagens, dando a entender, claramente, que as coisas acontecem no mesmo momento. 3º- Nós evangélicos, verdadeiramente nascidos de novo, pelo sacrifício de Jesus, sempre fomos perseguidos por não nos conformarmos com este século(Rm.12) e, assim, ferirmos interesses do inimigo da nossa alma(sexo livre, bebedices, glutonarias, uso de drogas, consumismo desenfreado, imoralidades, etc). 3º- Não entendo como esta campanha de difamação ao povo de DEUS passa despercebida pelos olhos e mentes deste mesmo povo. Quantos não evangélicos se envolveram em escandalos vários e a mídia nunca deu tamanha importancia? Quantos homens e mulheres se apresentam de forma imoral e anti-ética, como a Madona beijando na boca de outra mulher, parlamentares federais defendendo a liberação da maconha, novelas mostrando relações homossexuais(e nós, que nos chamamos crentes em Cristo, assistindo e torcendo pra que, no final, fiquem juntos)? É claro que não generaliso, muitos são "fieis". 4º- Foge ao meu entendimento, perceber que se faz uma verdadeira "caça às bruxas(como na idade média)", promovido pelo seguimento, quando um evangélico comete um erro. Só não os jogamos na fogueira porque isso já acabou, mas os julgamentos são duros e a palavra de Deus nos fala: Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mt.7:1-2). 5º- Em Mc 3:25, Jesus nos diz que "uma casa dividida não subsiste" e, nós evangélicos, insistimos em cometer esse mesmo erro sempre. Quantas divisões não passamos ao longo da história? Quantos traumas? Quantas mágoas? É sabido que os paízes que se mantiveram como paízes cristãos, são muito mais desenvolvidos e justos e no Brasil somos divididos. 6º- Devemos sim, orar por nossas autoridades pois foram constituídas por Deus. Criticar é fácil, a ação de orar demanda tempo, energia, esforço. Talvez, e talvez mesmo, a culpa de estarmos atravessando esse turbilhão de acontecimentos que nos entristece, nos traz a ira e a revolta, seja nossa. Muitos servos de Deus foram usados como líderes de nações, para abençoar o povo. Deus nos fez sim, para ocuparmos lugares de líderes e abençoarmos o povo também nos dias de hoje. Precisamos retomar o nosso lugar, o lugar para o qual Deus nos chamou. "Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra".

Marcos disse...

Olá Alex... Gostei muito de seu blog... Marcos De Jesus que me indicou... Sou de Alagoinhas, estudo teologia, trabalhei no Congresso Transformando a Missão, pena não ter te conhecido lá, para batermos um papo... Forte Abraço!!

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Prezado Judson Carlos Ferreira:
Primeiramente, obrigado pelo seu comentário, que enriquece nosso trabalho.
Vejo que, embora sem procuração, você discursa como advogado, mencionando suposta manipulação dos vídeos e parte do inquérito policial. Não há nenhum problema nisso, mas isso demonstra que você pretende, sim, fazer a defesa dessas pessoas. Isso fica patente quando omite o fato de que o deputado Leonardo Prudente escondeu dinheiro nas meias; que o deputado Brunelli, que é pastor, também recebeu dinheiro vivo, como registrado num dos vídeos; que ambos fizeram a oração afirmando que ninguém menos que Durval Barbosa era um instrumento de Deus para o alcance de seus objetivos, sendo que o próprio Durval Barbosa, então Secretário de Relações Institucionais, era o operador do repasse de dinheiro a parlamentares; que a deputada Eurides Brito colocou dinheiro na bolsa, de forma suspeita - e o que critiquei no caso dela foi o uso da Bíblia para se defender, quando deveria fazer uma defesa baseada em fatos. Além disso, seus argumentos em prol dos evangélicos fundamentam-se numa parcialidade perigosa, pois credita todas as acusações a uma suposta perseguição, fornecendo base para uma teoria da conspiração, de forma a generalizar, sim. Veja que a mídia, a que você se refere, não usou o fato dessas pessoas serem evangélicas para criar uma onda de insultos aos evangélicos. Pelo contrário, isso foi citado discretamente. Não há uma acusação acirrada e sistemática contra os evangélicos, tampouco uma preocupação com a nossa pregação moral, como você diz. Quisera eu a Igreja brasileira fosse tão ética como você a enxerga - pode ser ética na área sexual e de certos costumes sociais conservadores, mas não parece tão ética no trato com a coisa pública, toda vez em que se coloca a defender e justificar as ações de evangélicos flagrados em corrupção. Ou você me dirá que as Sanguessugas evangélicas de 2006 não existiram? Foram eles uma invenção midiática? Pedro escreveu que podemos ser acusados, mas que seja injustamente, não porque somos ladrões (I Pe 4.14,15). Quanto ao julgar, você citou o texto de maneira errada: ali Jesus se refere ao julgamento das intenções, das motivações do outro, não à possibilidade e necessidade de examinarmos tudo com um senso de justiça. Seu pensamento neste aspecto é equivocado.
Continue acessando o blog e comentando. Um abraço.

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Prezado Marcos:

Que prazer receber a visita de um conterrâneo! Seja bem-vindo!
Um abraço!



Fale comigo!

Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.