Toda nação tem seus estereótipos. Via de regra, pensamos que todo espanhol é "sangue quente", que todo japonês é inteligente, que todo inglês é pontual, que todo francês é refinado, que todo africano é negro e pobre. Achamos ainda que todo árabe é muçulmano, que todo estadunidense vive bem, que todo alemão é metódico, e assim nutrimos preconceitos universais. Por outro lado, todo mundo pensa que o Brasil é um país atrasado e pequeno que só tem futebol, carnaval e mulatas com samba no pé e nas cadeiras. Ah! Também acham que o brasileiro não é lá muito digno de confiança. E quando se fala em brasileiros famosos, lembram dos Ronaldos, de Romário e de Pelé. Os japoneses lembrarão do Zico. Pouquíssimos lembram de Santos Dumont, Oscar Niemeyer, Machado de Assis, Lima Barreto, Rui Barbosa, Castro Alves, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Tiradentes, para citar alguns poucos. Nem mesmo nós lembramos dos nossos brasileiros mais importantes. Quando houve um concurso há pouco tempo sobre o mineiro mais ilustre, o povo elegeu Chico Xavier dentre uma lista que continha ninguém menos que Santos Dumont, o inventor do avião! Depois não querem que os americanos tomem para si o berço dos criadores da aviação... Pensemos numa coisa: até que ponto nós brasileiros não temos contribuído para que se alimente essa idéia de que brasileiro é malandro, desonesto, anti-ético? Ora, se exportamos prostitutas para a Europa, como construir uma imagem melhor? Se muitos emigrantes saem e cometem crimes no exterior, trazendo problemas para os brasileiros corretos, o que devemos esperar? E se temos tantos brasileiros ilegais ou "não documentados" nos Estados Unidos e em outras partes do globo, por que buscamos ser bem vistos pelo mundo? Onde haveremos de nos orgulhar? Na Bossa Nova, que faz 50 anos agora? Eu mesmo sou um baiano que viveu em Minas e se casou com uma paulista, tendo fixado residência em Mato Grosso do Sul. Conheço um pouco do Brasil. Sou feliz nesta terra abençoada, mas tenho vergonha de certas características incrustadas no povo brasileiro: o imediatismo, o patrimonialismo, a despreocupação com o futuro, a superficialidade, o deixar-se levar pela aparência, sem falar na desonestidade e frouxidão quanto a regras, o que envolve corruptos e corruptores, instituições e cidadãos. Brasileiro compra produtos "piratas" e se justifica sob o argumento de que o produto legítimo é muito caro, alegando, ainda, que os camelôs precisam trabalhar. Brasileiro escolhe políticos corruptos, do tipo que "rouba mas faz". Brasileiro gosta de um "cabide de emprego", aprecia furar fila, adora desrespeitar o sinal vermelho, ama a corrupção do cotidiano. O eventual leitor acha que estou generalizando? Pois é. É essa generalização que o mundo conhece do ser brasileiro. Aliás, quase 80% da população, segundo a última pesquisa CNI/IBOPE, consideram ótimo ou bom um presidente que montou uma equipe ministerial repleta de pessoas corrompidas, dizendo ele que de nada sabia. Um presidente que não tem um plano de longo prazo para a educação, que não organizou, em quase oito anos de Governo, o sistema de saúde, que causou maiores divisões com suas cotas para negros, que aprova leis do Movimento Gay, que, quando acerta, é porque imita as coisas positivas de Governos passados, e ainda não os reconhece.
Enfim, o brasileiro mediano é isso aí, e não desiste nunca. Cabe a mim e a você mudar esse conceito.
Enfim, o brasileiro mediano é isso aí, e não desiste nunca. Cabe a mim e a você mudar esse conceito.
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