Parece-me que a sociedade enxerga os evangélicos como um grupo social emergente que assume poderes cada vez maiores. Há uns 20 anos, éramos fanáticos, alienados, diferentes; hoje somos admirados e temidos, mas isso não é necessariamente bom para a Causa de Cristo.
É certo que há uma heterogeneidade absurda no meio evangélico, mas o que conta é o conceito geral que as pessoas têm de nós. Virou moda ser evangélico ou gospel. Não sei se estou enganado, mas parece existir até certo ar de superioridade no dizer "sou evangélico", quando há poucos anos era motivo de chacota ou mesmo perseguição em alguns lugares do Brasil.
Há um fenômeno religioso-social em ação: artistas em fim de carreira ressurgem das cinzas cantando músicas que "falam de Jesus". Empresários em bancarrota frequentam as sessões motivacionais da Igreja Universal, da Sara Nossa Terra, dentre outras igrejas-corporações. Políticos tornam-se evangélicos e evangélicos se tornam políticos, vendendo a alma de muitas ovelhas, quero dizer, vendendo o voto dessas ovelhas. Televangelistas conseguem madrugadas inteiras ou o horário nobre na grande TV, quando sabemos que há poucos anos esses programas se limitavam às primeiras horas das manhãs de sábado ou domingo. A que custo isso se dá? Nem me refiro aos milhões de reais...
É. Dir-se-á que nunca antes na história desse País a obra de Deus foi tão abençoada. Será?
Estamos mesmo crescendo, eventual leitor? Mas, como é que a sociedade nos enxerga?
Alguém dirá que isso não é importante, que o que interessa é o que Deus pensa de nós, que "o homem natural não compreende as coisas do Espírito"...No entanto, precisamos saber se o que as pessoas pensam de nós é fruto de preconceito ou de nossas próprias ações.
Acredito que a sociedade em geral pensa assim: os evangélicos são um povo numeroso que não venera Maria, não usa santos em suas igrejas e que gosta de comprar CD´s, livros de auto-ajuda de autores evangélicos e uma série de artigos com textos bíblicos.
Puxa vida! É isso o que eu penso também!
Ser evangélico tem sido algo confuso para mim. Eu me identifico com a fé evangélica, mas não me identifico com a prática evangélica que caracteriza a Igreja brasileira. Já consigo ter dificuldade em dizer que sou evangélico dependendo do interlocutor - não que eu tenha vergonha de Jesus! Tenho vergonha da prática dos evangélicos brasileiros que aparecem mais.
Crescendo numa igreja evangélica, e, mais do que isso, pentecostal, ouvi aquela história de separação do mundo como se tivéssemos que nos apartar das pessoas do mundo. Aprendi errado, e graças a Deus desaprendi logo.
O mundo que não deve ser amado (I Jo 2.15,16) é o sistema de valores pecaminosos que impera nos corações desprovidos de Cristo. As pessoas do mundo devem ser amadas (Jo 3.16). O mundo foi criado por Deus, e a Ele pertence (Sl 24.1). Não acredito naquele negócio de que o diabo é dono do mundo. Deus é Quem comanda todas as coisas. É que há três acepções bíblicas para a palavra "mundo": pessoas, universo e sistema pecaminoso.
Em se tratando de amor, há que existir relacionamento, amizade, respeito, tolerância, o que nada tem que ver com a pretendida aceitação da tal "diversidade sexual" como comportamento moralmente correto, nem de quaisquer outras condutas que a Bíblia reprova.
De toda maneira, meu propósito aqui é pensar sobre como o mundo nos enxerga. E sei que, via de regra, não estamos sendo "cartas abertas" nem "aroma de vida para vida", para usar alegorias do apóstolo Paulo. Na verdade, os crentes carnais e os crentes nominais estão em nosso meio, sem falar no joio, que será identificado somente naquele Dia.
Cada vez que penso em como as pessoas nos vêem, me dá um arrepio. Temos construído uma imagem tão negativa do Evangelho, tão materialista, individualista e superficial, que tenho nojo disso. É como se nossas palavras e ações no cotidiano já entrassem em campo perdendo de 5 a 0 para o estereótipo que ajudamos a costurar a nosso respeito.
Enfim, o homem médio pensará consigo: "lá vem o evangélico. Se ele me convidar para me associar à sua igreja, antes de me pedir alguma coisa já lhe perguntarei o que isso me renderá nesta vida. E sei que ele não me deixará sem resposta".
Um comentário:
Em Alagoinhas, há um pastor pentecostal candidato a vereador pelo PC do B. Não critico o partido nem o fato de um pastor ser candidato, mas, me parece que a ideologia do PC do B não é coerente com a doutrina pentecostal e vice versa, então, como surgiu essa candidatura???
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