Sou plenamente a favor da liberdade de imprensa. Mas também uso de juízo crítico, e, como telespectador consciente, reconheço situações de indução jornalística. Tendo em vista que hoje o Supremo Tribunal Federal deve julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3510, sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias, permitidas, sob condições, pela Lei nº 11.105/2005, a televisão tem transmitido reportagens a respeito do tema.
No entanto, especialmente a Rede Globo já começa a reportagem mostrando algum paciente com enfermidade degenerativa, alguma criança que precisa do avanço da ciência para viver melhor. Ora, isso é argumentar favoravelmente a uma corrente, com fundamento na comoção do público. Não é justo com a corrente contrária fazer matérias que nitidamente apelam para a emoção, e que não expõem com clareza quem defende o que, como defende, em que bases defende, e quais as alternativas a essas pesquisas com céluas-tronco embrionárias.
Também costuma-se dizer que a posição do então Procurador-Geral da República, Cláudio Fonteles, é fundada exclusivamente na religião. Isso é desqualificar o debate e os debatedores, pois há argumentos jurídicos e científicos. A petição da ADI 3510 não cita a Bíblia nem a tradição católica, mas artigos da Constituição de 1988 e pareceres de renomados cientistas.
Portanto, creio que a Rede Globo está prestando um desserviço à Nação nesse aspecto.
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