Noé não faria o tipo dos pregadores de crescimento de igreja: passou um século pregando e só ganhou sua própria família - pelo menos ninguém pode dizer que ele não ganhou os seus. O fato é que Noé falou durante muito tempo e o povo não deu ouvidos. Certamente ele não era muito lembrado porque pregava exclusivamente a justiça. Se pregasse falsas promessas, atrairia gente à vontade.
Jeremias pregou e ninguém quis ouvir. Seu secretário pensou em largar tudo. O rei mandou queimar seu livro. Jeremias chegou a ser afrontado por um falso profeta, foi preso e deportado para o Egito. Foi acusado de traidor da pátria por que tanto chorou. Certa vez, se atolou na lama, no fundo de um buraco, e um etíope o salvou. Sua pregação era dura demais. Ele mesmo, quando chamado, quis renunciar, dizendo ser criança, e Deus lhe fortaleceu o caráter - mas ele nunca deixou de sofrer. Eis um pregador que poucos gostariam de imitar.
Estevão foi tão sincero que acabou sendo apedrejado em público, por líderes religiosos chamados "Libertos". Ele pregou um sermão repassando a história de Israel, num apanhado até chegar àqueles dias, mas sua eloqüência não lhe serviu de defesa. Por mais claro que fosse seu discurso, e por mais brilhoso que estivesse seu rosto, os maus queriam matá-lo a qualquer custo. Essa não foi uma morte que os triunfalistas esperam para um crente.
Paulo não seria aceito como pastor nem missionário nas igrejas triunfalistas: ele pensava com a cabeça, falava com todas as letras, aprofundava conceitos, debatia sem medo. Seus escritos eram mal interpretados, mas assim mesmo ele escrevia suas Cartas. Passou um bom tempo precisando defender seu apostolado, suas credenciais, e sempre foi alvo de forte oposição. Paulo nunca teve sossego: sentiu fome, apanhou, foi difamado, teve que fugir. A presença era fraca, embora as cartas fossem fortes. Talvez o aceitassem hoje como professor de Escola Dominical, mas com muitas e sérias restrições. Talvez o tolerassem pela erudição, mas sem lhe reservar o púlpito jamais.
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