Quando se trata de escatologia, sigo um princípio: não devemos estabelecer agendas milimetricamente ordenadas, como se os textos bíblicos estivessem dispondo cronologias de maneira precisa.
Um dos erros fatais dos fariseus da época de Jesus foi manter uma escatologia tão bem costurada que não houve espaço para entendimentos diferentes. Quando viram que Jesus de Nazaré não se encaixava no modelo do messias político, os líderes religiosos o rejeitarma, prenderam e entregaram aos romanos. Resultado: Jesus é mesmo o Cristo, e a escatologia deles se mostrou totalmente errada.
Em vez de determinar datas e períodos, Jesus falou de eventos que serviriam de sinais, tanto no meio ambiente como nas relações familiares, sociais e internacionais. Assim também agiu o apóstolo Paulo, não se afastando disso o próprio apóstolo Pedro.
É um equívoco interpretar o Apocalipse sem apoio em outras passagens bíblicas, como Mt 24, Mc 13, I Co 15, II Ts 2.7-12 e II Pe 3.9-13. Enquanto Jesus, Paulo e Pedro escreveram de modo denotativo, João empregou muitas e muitas metáforas, num estilo literário fortemente marcado por figuras conhecidas da Antigüidade e numa teatralização que não deve ser desprezada pelo leitor. O estilo direto de João no Evangelho e nas Cartas que escreveu não esteve presente no Apocalipse. Tudo isso precisa ser observado, para que não venhamos a criar alegorias por conta própria. Com as metáforas do próprio João, já existem figuras de linguagem à vontade no Livro, não devemos enxergá-las onde não estão presentes, nem interpretá-las ao nosso bel-talante.
De toda maneira, discordo da adoção de correntes escatológicas pelas denominações, e de sua inclusão no "credo". Cada cristão deve ter a sua própria idéia dos eventos escatológicos, sem a necessidade de se conformar a uma cartilha denominacional que pode estar equivocada.
A única certeza absoluta que tenho sobre o futuro da Igreja e do mundo é que Jesus Cristo voltará para buscar o Seu povo e restaurar todas as coisas. Se vai ser antes, durante ou depois da Grande Tribulação, ou se vai ser antes, durante ou depois do Milênio, aí já são outros quinhentos. A volta de Jesus é a chave de tudo.
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