Todos nós temos um potencial que precisa ser explorado. Não estou trilhando o caminho da auto-ajuda. Apenas gostaria de refletir sobre a necessidade de usarmos nossos talentos, naturais ou espirituais, a fim de vivermos plenamente.
Há o perigo de vivermos pela metade. Isso ocorre quando não aproveitamos oportunidades, quando desperdiçamos nosso tempo e energia com assuntos e afazeres inadequados. Nossos talentos, inteligência e dons espirituais servem como indicativo de nossa vocação. Ao mesmo tempo, constituem os instrumentos necessários para o exercício dessa mesma vocação.
A partir de textos bíblicos, podemos rascunhas algumas idéias oportunas:
- Não usar o talento é pecado. A chamada "parábola dos talentos" (Lc 25.14-30)* sugere que as aptidões são conferidas de acordo com a capacidade. Vemos ali que o homem que recebeu dois talentos os multiplicou duas vezes; que o que recebeu cinco os multiplicou para dez; e que o que recebeu um talento o enterrou. No entanto, essa era a sua capacidade. Se ele houvesse multiplicado o talento, poderia avançar muito. Certamente por se achar inferiorizado, acabou não produzindo nada. Na parábola, o servo que desperdiçou o talento foi lançado em trevas, onde há "choro e ranger de dentes". Em contrapartida, quem multiplicou os talentos obteve ainda mais, como recompensa.
- Cada dia é importante. Quem deseja aproveitar a vida precisa aproveitar os dias, pois a vida é feita de uma sucessão de dias. A vida não é uma coisa distante, que acontecerá instantaneamente. Ela está fluindo agora mesmo, no cotidiano. Por isso, precisamos "contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio" (Sl 90.12). Quem escreveu isso foi Moisés, que viveu nada menos que 120 anos.
- Dominar o tempo para não ser dominado por ele. É necessário remir o tempo, "porque os dias são maus" (Ef 5.16). A idéia é "comprar o tempo" mesmo, dominá-lo. Em meio a dias moralmente conturbados, precisamos dominar o tempo. Quem não adquire domínio sobre o tempo segue inevitavelmente a filosofia do Zeca Pagodinho, sob o lema "deixa a vida me levar". Além disso, alguém disse que "quem não faz sua agenda deixa que outros façam por ele". Aqui estão implicados os aspectos moral e laboral.
- Trabalhar é dom de Deus. Tanto o Livro de Provérbios (10.4,5 etc.) como o de Eclesiastes (11.1-6 etc.), cada um a seu modo, enaltecem o trabalho e repudiam a preguiça. Adão e Eva foram postos no jardim para o cultivar e guardar (Gn 2.15). Quem não trabalha não deve comer, anda desordenadamente e se torna pesada aos outros - foi Paulo quem escreveu isso (II Ts 3.6-15). Mas, acima de tudo, o trabalho é atributo moral de Deus (Gn 1-2.1-3; Jo 5.17), transferido a nós, Seus filhos.
Quero refletir sobre isso ainda em outra ocasião.
*Talento era uma moeda.
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