quarta-feira, 14 de maio de 2008

Estudos no Apocalipse - A igreja morna (3.14-22)

Chegamos à derradeira Carta dentre as enviadas às sete igrejas da Ásia pelas mãos de João. Não se trata de cartas endereçadas a cada uma delas e depois compiladas no Livro de Apocalipse, mas de cartas previamente agrupadas no Livro, como que numa introduçao à Revelação Escatológica, somada a advertências particulares.
Estamos agora diante da igreja em Laodicéia, citada por Paulo em Cl 4.15,16, quando pede que a Carta aos Colossenses seja lida entre os de Laodicéia, e que a Carta aos de Laodicéia seja lida em Colossos.
De todas as situações descritas nas Cartas, a de Laodicéia é, de longe, a pior.
Primeiro, Jesus Se apresenta como "o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus" (v. 3.14). É certo que Jesus Cristo não foi criado, pois Ele é Eterno, algo já estudado em torno de textos anteriores. Jesus é o mais importante. O princípio da criação de Deus não se refere a precedência, mas preeminência, prioridade. Jesus é o primeiro em importância, acima de toda a Criação. É isso.
De início, à fórmula "Conheço as tuas obras" ajunta-se a frase: "...que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!" (v.15).
O texto prossegue veemente: "Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu" (16,17).
Ser vomitado da boca de Deus é muito sério. A frase é tão terrível quanto se propõe, e a causa disso é a mornidão espiritual. Ser quente ou frio é melhor do que ser indiferente, apático.
Ninguém gosta de ser chamado de "frio". Nós pentecostais temos o péssimo hábito de denominar de "frios" aqueles que não adotam nossa doutrina do batismo com o Espírito Santo evidenciado por línguas, ou que adoram a Deus sem barulho. Mas a frieza e o fervor referidos aqui são postos como melhores que a indiferença. Deus aborrece os indiferentes.
Qual o problema específico dos crentes em Laodicéia? Parece que eram materialistas. Sim, achando-se ricos, eram de fato pobres, ao contrário dos de Esmirna, que, pobres materialmente, eram ricos no caráter.
Jesus, porém, oferece esperança: aconselha que d'Ele comprem "ouro refinado pelo fogo" para que fiquem ricos, e vestes brancas para se vestirem, para evitar que vejam a vergonha de sua nudez, além de colírio para que possam enxergar.
Então, os irmãos em Laodicéia tinham um caráter mau, impureza (moral) e cegueira espiritual, mas Jesus diz que disciplina e corrige a todos quantos ama (v.19). Por isso, há chance de arrependimento (idem).
O convite para a ceia no v. 20 às vezes é interpretado como um convite ao pecador, mas é dirigido à igreja, aos crentes. Jesus está à porta e bate para que o cristão indiferente lhe abra a porta e participe de um banquete.
E, assim como Jesus Se sentou com o Pai no trono deste, o vencedor sentar-se-á com Jesus no Seu trono (v. 21). Essa é a promessa para os vitoriosos.
A frase recorrente "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (v. 22) fecha o ciclo das Cartas às sete igrejas. Nós que temos ouvidos precisamos ouvir essas advertências, pois somos membros da Igreja de Cristo. Em vez de encarar as sete igrejas como alegorias para estágios diferentes da História Eclesiástica, vejamos essas igrejas como comunidades locais do primeiro Século, as quais partilhavam de problemas e virtudes de nossas comunidades hoje, no Séc. XXI.
O conjunto de promessas ao vencedor destina-se a todos os que vencerem, não podendo ser compreendidas como dirigidas a cada uma daquelas igrejas, mas a todas as igrejas de Cristo, a todos os cristãos. As sete Cartas foram escritas dentro do contexto do Livro de Apocalipse, e nesse sentido devem ser lidas como parte do todo. Militam em favor disso as frases de introdução "Ao anjo da igreja que está em tal lugar"; a memória de atributos de Jesus, na maioria referindo-se à visão de Jesus glorificado (1.9-20); a fórmula "conheço as tuas obras..." ou similares; a promessa ao vencedor; e finalmente a antecipação de figuras que aparecem depois, como a Cidade Santa, por exemplo.
Não penso que Laodicéia seja o símbolo da apostasia final, assim como não vejo Filadélfia como alegoria da igreja do tempo que precede a Volta de Cristo. Até mesmo para os crentes de Laodicéia há promessas maravilhosas em caso de arrependimento, não obstante o "estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
Só mais uma consideração: quem defende que o cristão não pode perder a salvação em nenhuma hipótese deveria estremecer diante do fato de que a uma igreja Jesus disse que estava a ponto de vomitá-la. Afinal, se aquela não fosse originalmente uma igreja, por que motivo Jesus a trataria como igreja, a quem ama, disciplina e corrige?

4 comentários:

gilmar fernades maria disse...

Presado irmão Alex como é de se esperar,incrivel; nenhum comentario sobre seu estudo, a mornidão está tomando conta da igreja hodierna essa realidade está evidenciada por todos os lados a indiferença e apatia por parte de muitos tem feito esse
assunto escatologico se cumprir.
Que a misericordia do SENHOR JESUS CRISTO nos livre da friesa ,mornidão e indiferença com aquilo que é Sagrado!

Maria de Fátima Araujo disse...

Amei, estudar e conhecer a palavra do Senhor é sempre bem vindo, que DEUS possa reacender a chama do seu poder nas igrejas atuais e que toda mornidão seja extirpadado do nosso meio. DEUS o abençoe para continuar com essa obra excelente.

ELIANE MELO disse...

ELIANE MELO DIZ , QUE O ESPIRITO SANTO POSSA CONTINUAR TE DANDO O DICERNIMENTO QUE É PRA MIM O MAIO DOM QUE UM SER HUMANO PODE ADQUIRIR E QUE VC CONTINUI INSPIRADO POR DEUS PARA MEDITAR NAS ESCRITURAS SACRADAS...

Anônimo disse...

Deus não muda e o justo vivera pela fé :yuo tube



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Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
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