As alegorias que certos pregadores "avivalistas" fazem me dão a impressão de sua imaginação, criatividade e talento oratório, mas testificam de sua incompreensão do plano bíblico, porque usam e abusam do Texto Sagrado a seu bel-prazer, sem critério, sem princípios de hermenêutica, ao sabor da especulação e da arte de juntar palavras.
Para mim isso é vazio, não diz nada, além de ir contra a Palavra de Deus, que, como sistema, anuncia rigorosamente no Antigo Testamento a Salvação da Humanidade dentro de uma descrição das promessas divinas nesse sentido, com seu cumprimento e explicação no Novo Testamento, na Pessoa de Jesus, o Cristo. Tudo o que houver nas Escrituras deve ser lido sem olvidar esse parâmetro, além da simplicidade e honestidade quanto à interpretação de textos antigos, escritos para outros povos, com autoria, destinatário, data, ocasião, estilo e gênero literário implicados.
As pregações alegóricas chamam a atenção e apetecem o povo que gosta de se emocionar, como os que freqüentam sessões do júri só para verem o promotor e o advogado teatralizando diante do juiz togado e dos juízes leigos. Esquecem-se os autos e se destacam os medos, as virtudes, as preferências, as vacilações da alma. O direito é torcido, enquanto as emoções se satisfazem, pois - ninguém nega - falar bem é encantador.
Fico triste ao observar que o pentecostalismo tem sido tão caracterizado por pregações meramente alegóricas, quando o verdadeiro Pentecostes não está associado a especulações e emocionalismos, mas à pregação fervorosa da Salvação no poder do Espírito Santo.
Ora, a Bíblia é muito rica, não precisa que acrescentemos imagens pessoais, subjetivas, para aumentar o impacto da pregação. Que é isso? A Palavra de Deus é linda, gloriosa, maravilhosa, profunda em sua mensagem! Além disso, a Palavra de Deus é repleta de poemas, parábolas, símiles, provérbios, símbolos, tipos, narrativas, épicos, romances, cartas, e dentro disso há as alegorias bíblicas, encerradas em balizas muito bem definidas - como a Arca de Noé para a Salvação em Cristo, ou Sara e Agar simbolizando, respectivamente, a Jerusalém Celestial e a Jerusalém terrestre - pegue lá uma concordância bíblica e veja onde essas alegorias estão!
Portanto, não precisamos criar alegorias e dizer que o Texto Bíblico as aceita, porque somente as alegorias contidas na Escritura é que devem ser tomadas como tais. Aliás, as próprias alegorias bíblicas são como trajes que se vestem com discrição - por ser justamente chamativa, fulgurante, com forte apelo emocional, a alegoria não pode ser usada por pessoas espalhafatosas, que querem aparecer mais do que a mensagem.
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