Chegar ao lugar em que a igreja se reúne e buscar um assento. Orar de joelhos por uns instantes e depois ficar sentado, ao toque da campainha. Cantar hinos com a congregação, ao som da orquestra ou de um conjunto musical. Depois, ouvir a sucessão de louvores pelo coral, pelas crianças, adolescentes e jovens, além dos "hinos avulsos" dos irmãos que enviam seus bilhetes ao dirigente do culto.
Após uma hora e meia de cânticos, escutar o irmão falando sobre dízimos e ofertas, tendo lido Ml 3.10, II Co 9.6 ou outro texto de sua escolha. Separar umas moedas ou o dízimo, para colocar na sacolinha que um diácono trará aonde eu estiver.
Faltando uns dez ou quinze minutos para as 21h, ver o pregador se dirigir ao púlpito, saudando a igreja e lendo um texto da Bíblia, seguido por uma pregação de 40 minutos ou mais. A cadeira é confortável, eu irei ficar bem...
Ao término, com a bênção apostólica, sair para casa feliz da vida, achando tudo muito bom. Ter certeza de que Deus falou comigo, que não preciso me importar com critérios de hermenêutica, com dissociação entre texto e comentário, tampouco com afirmações distantes da doutrina oficial da própria denominação. Crer que aquele que prega sempre fala a verdade.
Começar a semana alegre, achando que tudo está dando certo, que minha vocação vai ser confirmada por Deus, mesmo que os homens não saibam disso ainda. Trabalhar todos os dias sem me preocupar com problemas da Igreja brasileira, porque já tem muita gente boa pensando nisso, e eu sou apenas um funcionário público.
Cuidar somente da minha família, dos meus estudos e do meu trabalho, sabendo que as coisas sempre caminham na direção certa.
Preparar minhas aulas de escola bíblica sem me preocupar com o sistema que pesa sobre os meus ombros, pois devo trabalhar como uma formiguinha, influenciando positivamente quem está à minha volta, sem contrariar o que a liderança diz e faz, porque ela, e não eu, foi escolhida e ungida para essa missão.
Ser simples e humilde para entender que não vou resolver os problemas do mundo, que meu serviço a Deus é honrá-lo com um comportamento exemplar na sociedade, orando, lendo a Bíblia, indo aos cultos e cumprindo meus deveres familiares, sociais e cívicos.
Acreditar que, se não existe igreja perfeita, vamos ficar bem de qualquer jeito. "Deus proverá", o justo sofre mesmo, não adianta espernear, vai dar tudo certo, no final acaba bem, o importante é servir a Deus naquilo para o que a gente foi chamado.
Ter paciência. Ter fé. Suportar. Não aspirar ao reconhecimento humano daquilo que digo ou faço, não pretender que minha igreja mude crenças e condutas só porque eu disse que haveria caminho melhor. Continuar firme no propósito, como irmãos que estão nessa situação há décadas.
Ficar mais calado, ouvir mais. Não dar muitas opiniões, não ser prolixo, controlar o temperamento, respeitar as idéias divergentes, não bancar o sabichão.
Não dar tanta atenção a análises pessoais da Bíblia, se elas contrariam a Teologia Sistemática que adotamos.
Ser um crente mais conectado com a denominação, menos crítico, mais conformado com a maneira como as coisas são, pois não poderei mudá-las jamais.
Ler a Bíblia em meu devocional sem ficar pensando em aplicações que não poderei fazer, a não ser que me convidem. Ser mais espiritual, "tomar o texto para mim", orar mais, ficar mais "na minha", seguir o exemplo de Jesus e pronto.
Voltar ao culto no domingo e achar tudo muito bom de novo. Viver com isso e prosseguir assim até a Volta de Jesus.
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