Poderia eu ir cuidar da minha vida. Tenho uma família formidável, uma esposa que eu amo, uma filha que só me traz alegrias, um emprego bom, um filho (ou filha?) que já se sabe concebido - é, sim, Miriam está grávida pela segunda vez, soubemos ontem.
Eu poderia ir cuidar da minha vida. Formado em Direito, poderia eu me empenhar mais no estudo dos concursos, para, quem sabe, me tornar um Procurador da República, um Juiz Federal. Poderia usar meu tempo livre para estudar Direito. Eu sei que poderia me tornar um profissional melhor.
No entanto, fico eu me debatendo com as minhas análises da Igreja brasileira. Fico eu querendo estudar teologia. Fico eu querendo contribuir com a minha igreja local. Fico eu aqui pensando, estudando, escrevendo, mas sempre encontrando um iceberg pela frente, que insiste em me conter.
No máximo, sou professor de escola bíblica. Eu me orgulho de ser aproveitado como professor de escola bíblica, mas sei que poderia fazer muito mais. Há um abismo entre minhas idéias e aquilo que a realidade me permite fazer.
Enquanto isso, vou forjando um mundo paralelo. Para os outros, sou um servidor público bem-sucedido, bacharel em Direito, que dá aulas na igreja. Meu coração, porém, diz outras coisas. A leitura que fazem de mim não é aquela que eu tento escrever todos os dias. Naturalmente, dá-se o choque, e quem sofre sou eu.
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