quinta-feira, 19 de junho de 2008

A visita de Deus (Lc 7.11-17)

Vinha o cortejo fúnebre seguindo seu rumo na cidade galiléia de Naim. Lá estava uma viúva prateando a morte de seu filho único, acompanhada de uma "grande multidão", assim com pleonasmo e tudo. O cortejo chegava já à porta da cidade, para fazer o enterro do lado de fora.
Do outro lado, aproximando-se da porta da cidade, mas para entrar, vinha Jesus com os Seus discípulos e "numerosa multidão", assim com pleonasmo também.
Na porta da cidade as multidões se encontraram. A morte saía enquanto Jesus chegava. O encontro foi emocionante para o SENHOR, que Se compadeceu da viúva e lhe disse: "Não chores"!
Em seguida, Jesus tocou o esquife e, parando o funeral, ordenou ao morto que se levantasse. Imediatamente, o jovem se colocou sentado e começou a falar.
Note-se o caminho que Jesus percorreu para realizar o milagre: compaixão, consolo à viúva, e, enfim, a ordem dirigida ao defunto. Antes do milagre veio a compaixão, que se fez seguir por uma palavra à mulher que perdera seu filho. Mais do que isso, o jovem era o único filho daquela senhora enviuvada.
O texto de Lc 7.11-17 é rico. Temos aqui uma viúva, e, mais do que viúva, uma viúva que perdeu seu filho, e, mais do que seu filho, o seu único filho. Temos aqui uma situação de luto. Temos o encontro entre Jesus e algumas das mais difíceis condições humanas, que são a viuvez e a perda de um filho único. Jesus verdadeiramente Se compadeceu, ficou triste com o fato diante de Si, e tomou a atitude que considerou acertada: devolver a vida àquele rapaz, restituindo-o a sua mamãe.
O episódio gerou algo positivo entre os espectadores: "todos ficaram possuídos de temor e glorificavam a Deus, dizendo: Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo" (v.17).
Sim, o milagre deve produzir temor e glorificação a Deus! Há que se reverenciar o Deus que ressuscita mortos. Há que se louvar o Seu nome.
Como nós estamos acostumados a ver milagres nos Evangelhos, talvez deixemos de analisar o quanto esses fenômenos causaram entre os presentes em termos de comoção, admiração, alegria, surpresa. De fato, aquelas duas multidões - uma que chegava e outra que saía - passaram a entender que Jesus era um Grande Profeta, e que Deus visitou o Seu povo. Essas duas afirmações têm enorme peso teológico, algo que o milagre produziu.
Jesus é o Profeta prometido em Dt 18.15,18. Jesus veio falar as palavras de Deus, sem tropeçar em absolutamente nada. Jesus é a personificação da Verdade, da Sabedoria, da Vontade do Pai. Jesus é o Logos (Jo 1.1,14; I Jo 1.1). Jesus é a Palavra.
Deus visitou o Seu povo na Pessoa de Jesus Cristo, porque Jesus é Deus, e tabernaculou entre nós (Jo 1.1,14). Na bênção de Noé a Sem, ele disse que Deus habitaria nas tendas de Sem (Gn 9.27). Como semita, Jesus cumpriu essa bênção profética. Se por um período Deus habitou com o Seu povo por meio do tabernáculo no deserto (Ex 29.45), na plenitude dos tempos enviou seu Filho para habitar conosco, dando-nos depois o Espírito (Gl 4.4-6).
Mas, antes da dotação do Espírito, Deus tabernaculou entre nós na Encarnação de Cristo, fazendo Sua morada entre os homens, porque puderam ver Sua glória, glória como do Unigênito do Pai (Jo 1.14), sendo testemunhas presenciais desse evento (I Jo 1.1-3).
Quando aquelas pessoas simples da cidade de Naim disseram que Deus visitou o Seu povo, ah, isso é muito profundo. O milagre da ressurreição ali testemunhado foi uma intervenção divina entre os homens. Seguramente não sabiam ainda que Jesus era o próprio Deus, mas puderam entender que o milagre foi uma visitação de Deus.
Nosso SENHOR é imanente, além de transcendente. Ele Se ocupa das coisas dos homens. Ele visitava o Primeiro Casal no Éden (3.8). Deus Se importa! Deus sempre Se importa. Amém.

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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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