"Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos" (Pv 27.23).
Embora o contexto em Pv 27.23-27 se refira à necessidade de previdência quanto aos bens materiais, não posso negar que o versículo 23 me leva a pensar no dever do pastor de igreja.
De fato, assim como o pastor de animais precisa atentar para o que lhe pertence, a fim de sempre ter leite, vestes e, enfim, a provisão necessária, deve o pastor de almas atentar para a situação de suas ovelhas, porque as coisas não fluem naturalmente - é preciso cuidar.
O verdadeiro pastor - o pastor realmente chamado por Deus - preocupa-se com suas ovelhas. Ele fica triste com as que estão tristes; vai atrás das que passam a faltar aos cultos, das que estão ou parecem estar contrariadas. O pastor de verdade não briga com a ovelha, ainda que tenha razão; antes, a acolhe, ouve e convida a ficar por perto. E quando a ovelha lhe apresenta um problema, o pastor não diz: "Daqui a duas semanas a gente conversa", pois esse pode ser um período fatal.
Por isso, as igrejas não podem ser grandes demais, ou, se forem grandes, devem ter um número suficiente de pastores à disposição do rebanho.
As pessoas precisam ser visitadas, mesmo aquelas que estão bem. Um pastor que só visita em tempos de crise atrai consigo a noção de censura e repressão. Já o pastor que visita normalmente é recebido com maior facilidade.
Um bom pastor não é reconhecido pelos títulos que possui, pelo curso de teologia, tampouco pela boa oratória, muito menos pela capacidade de administração. Ele é reconhecido pelo amor que nutre pelas ovelhas, o que se demonstra na preocupação pelo estado em que elas se encontram.
Aliás, pastor não é cargo, mas função do presbítero que lidera a igreja, e dos presbíteros que o auxiliam no cuidado das ovelhas. Se alguém recebe o "título de pastor" e não pastoreia, lamento admitir que ele não é pastor.
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