Não gosto de discutir política, não sei se para evitar discussões apaixonadas ou por ausência de conhecimento nessa área. No entanto, de vez em quando escrevo algumas linhas neste blog acerca de assuntos políticos. Agora, penso sobre a falta que faz uma boa Oposição.
Escrevo Oposição com letra maiúscula por reconhecer nela uma instituição democrática, e não simplesmente uma contradição ao Governo. A democracia precisa de Governo e Oposição. A república também. Não existe Governo democrático sem divergência de opiniões, idéias e programas políticos.
O Brasil vive um momento que me preocupa, pois no âmbito federal não há Oposição genuína. Os principais partidos de Oposição não têm um programa consistente, não fazem uma fiscalização corajosa do Executivo, parecem ter medo de seu passado. O PSDB namora o PT, e isso o compromete. O DEM é veemente em questões tributárias e nas CPI´s, mas não oferece alternativa substancial. Parece que foi para a Oposição compulsoriamente, sem ter clareza quanto ao seu papel.
Fomos iludidos durante anos, crendo que o PT fazia Oposição de verdade, com sua bandeira ética, sua luta contra a corrupção e por transparência no trato da coisa pública. Contudo, o que fez o PT ao abocanhar o poder? Fez mais do mesmo, e talvez pior, com maior avidez e cinismo.
Nos Estados e Municípios em que o PT é Oposição, ainda há aquela busca por CPI´s, aquela sede de denunciar casos de improbidade, mas o mesmo não se vê onde ele é Governo. Do outro lado, os democratas e tucanos agem semelhantemente, haja vista o episódio atual de apoiar a Governadora do Rio Grande do Sul e repreender o Vice-Governador sem um aprofundamento da investigação, sem o veredicto da Justiça, por certo ainda longínquo.
O presidente Lula gaba-se de sua grande popularidade, e nisso se estriba para falar impropriedades contra adversários e contra as próprias leis e os outros Poderes. Gaba-se do crescimento econômico, do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), das medidas que estaria tomando para melhorar a educação, da inclusão de um número maior de pobres em programas sociais, da política de cotas para negros em universidades, do etanol. Mas se esquece de que sua política na saúde é muito deficiente, de que seu Governo é deveras corrupto, de que seus colegas tomaram a máquina pública, de que ele mesmo usa o PAC com interesse eleitoreiro, de que a política de reservas indígenas contínuas é um desastre jurídico-político, de que ele contou até agora com a boa fase da economia mundial, de que ele não tem um plano de desenvolvimento sustentável para o País, o que necessariamente passa pela educação e pela ciência e tecnologia, tão desprestigiados pelo Lula.
O PT mostra-se estatizante, autoritário e intervencionista. O Estado-petista é um big brother - está em toda parte. Eles querem nos obrigar a admitir a homossexualidade como coisa normal, eles querem influenciar ideologicamente os nossos filhos com filosofia e sociologia nos currículos escolares, eles querem que adotemos a teoria marxista da luta de classes, eles querem que achemos que o mundo se divide em ricos maus e pobres bonzinhos, com trabalhadores rurais e índios bonzinhos a seu lado.
De toda maneira, não vejo ainda elementos propícios para uma ditadura, pois, apesar do crescimento econômico, da aprovação popular ao Presidente e da nulidade da Oposição, o Brasil é um País muito grande e visado pela comunidade internacional. Não seria fácil dar um golpe de Estado aqui, pelo menos por enquanto. Creio que os muitos interesses escusos vão se acomodando debaixo das barbas do Presidente Lula.
Entretanto, essa situação me preocupa, sim. É triste não ver uma postura diferente em termos políticos. O que ouvimos são vozes isoladas, como era a voz do ilustre Senador Jéfferson Peres, morto em 23 de maio deste ano. Que cenário ruim: no Governo está o autoritário PT, que durante anos alimentou a minha esperança, mas depois logo a frustrou; de outro, temos os democratas que num passado recente apoiavam fielmente a ditadura militar, e, consigo, os contraditórios tucanos, que nem precisam de inimigos, pois devoram a si mesmos.
Como cidadão, não gosto de ver essa ausência de Oposição em nosso País. Sei que existem no Brasil muitas idéias, iniciativas, pesquisas, mas parece que os bons não se interessam por política, a qual fica reservada, em sua maior parte, aos maus.
Há esperança? Sim, ela tem que existir. Eu tenho esperança. Não quero ser apocalíptico, não quero interpretar a Bíblia aguardando uma grande hecatombe que começará matando os pobres e doentes. Não quero acreditar que o mal sempre vence na seara política. Não sei por que, mas sempre acho que as coisas podem mudar se as pessoas deixarem de ser tão corruptas em seu cotidiano, se as pessoas deixarem de esperar benesses do Governo, se as pessoas forem mais leais nas pequenas coisas, se as pessoas tiverem os valores do Sermão da Montanha.
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