Uma sentença de Salomão chamou a minha atenção agora mesmo. Encontra-se em Pv 1.32 e diz assim: "Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição".
No contexto, o autor exalta a sabedoria e rechaça a tolice como estilo de vida. Aliás, esse é o princípio que paira em todo o Livro: saber viver.
O texto em destaque tem um paralelismo entre o néscio que morre por seu desvio e o louco que vai à perdição por sua impressão de bem-estar. O louco está para o néscio assim como a perdição está para a morte e o desvio está para a impressão de bem-estar.
Quem é, pois, o néscio? Néscio é tolo, estúpido, desprovido de sabedoria. Inteligência é menos que sabedoria. Alguém pode ser dotado de inteligência e ao mesmo tempo desprovido de sabedoria, porque não teme ao SENHOR (Pv 1.7). Louco é o que despreza a sabedoria e o ensino (idem). Na verdade, o louco e o néscio são a mesma pessoa, pois desprezar a sabedoria é mais do que tolice - é loucura.
O néscio desvia-se quando deveria seguir o caminho direito, e com isso encontra a morte. Agora, e o louco? O louco, tal como descrito em Pv 1.32, vai à perdição por sua "impressão de bem-estar"...
Sim, impressão de bem-estar! Quão enganoso é o coração do Homem, a ponto de achar que está bem! Tendo boas condições físicas, emocionais, financeiras e profissionais, alguém pode achar que está bem. Tendo menos que isso, alguém ainda pode achar que está bem. A impressão de bem-estar é traiçoeira, é um engodo. Ela faz com que o indivíduo siga desavisado para o Inferno.
O coração do Ser Humano é tão enganoso que a pessoa, mesmo não desfrutando de comunhão com Deus, na Pessoa de Jesus, mesmo não tendo em si a habitação do Espírito, pode viver a vida inteira sem cogitar de que necessita de Salvação. A sua impressão de bem-estar o impede de enxergar a necessidade do espírito. Seu vazio permanece ali, nos escaninhos do ser, mas ele não percebe ou não quer admitir sua carência.
Portanto, cabe aos cristãos anunciar o Evangelho a todas as pessoas, tirando-as dessa ilusão de estar bem. E não faremos isso pregando prosperidade, saúde e "vitória", pois esse tipo de pregação só alimenta a impressão de bem-estar, já que os néscios pensarão: se eu estou bem, para que eu preciso de Jesus? O evangelho da riqueza e da saúde não fala ao coração do pecador.
Precisamos dizer às pessoas que a maior dádiva que existe não é a felicidade, mas a vida em Cristo. O hedonismo diz-nos que precisamos ser felizes. O Evangelho, porém, diz-nos que precisamos amar a Deus e às pessoas. A felicidade, ou bem-aventurança, é uma conseqüência, jamais uma prioridade ou objetivo.
O Sermão do Monte (Mt 5-7) promete bem-aventurança, mas tendo em vista a renúncia, a abnegação, o amor, o altruísmo. Se dissermos isso aos que padecem da impressão de bem-estar, certamente teremos deixado uma mensagem revolucionária para suas vidas.
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