terça-feira, 17 de junho de 2008

Para quem não gosta de lamentações...

O Livro Lamentações de Jeremias é tocante. Em versos cuidadosamente arranjados, o profeta demonstra toda a sua tristeza ante a invasão de Jerusalém pelos babilônios. Está ali derramado o coração de um patriota, que - vejam que ironia! - foi chamado de desertor pelos seus compatrícios.
Jeremias chora por contemplar a solidão (1.1), a escravidão (1.1), a agonia (1.2), o exílio (1.3), a angústia (1.3), o luto (1.4), a amargura (1.4), a dispersão (1.15) dos moradores da grande capital de Judá. Dentre os muitos horrores ali narrados, vê-se que mulheres foram forçadas (5.11), as crianças foram alcançadas pela fome (2.11,12), os sacerdotes passaram a gemer (1.4), as pessoas tiveram que comprar até mesmo água para beber (5.4). É um cenário de guerra, de desolação, de ruína.
Jeremias usa palavras intensas, parece querer que sua tristeza se manifeste com toda a força. Ele precisa desabafar, mostrar sua indignação, prantear. Lamentações diz em poema o que a profecia de Jeremias diz em prosa.
Mas o profeta quer trazer à memória o que lhe pode dar esperança (3.22). Ele sabe que as misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos (3.22), que elas se renovam a cada manhã (3.23), que a fidelidade do SENHOR é grande (3.23), que o SENHOR é bom para os que n'Ele esperam (3.25), que talvez haja esperança se o Homem colocar a boca no pó (3.29).
A esperança de Jeremias não é retórica, não é formal, não é para dizer que tem fé. A esperança de Jeremias é a esperança de quem chorou tudo o que tinha para chorar, e em meio a tantas lágrimas soube desfrutar do cuidado de Deus.
Entendo que é melhor chorar muito e depois sorrir de verdade do que esboçar um sorriso de aparências e guardar amargura no coração para sempre. Para quem não gosta de lamentações, para quem acha que chorar não é coisa de crente "vitorioso", que tal imitarmos Jeremias, enfrentando as coisas feias do jeito que são, para, enfim, gozarmos do que a vida realmente tem de bom?

Um comentário:

Testando disse...

Alex:
Gostamos do texto.
Luiza e Gilberto. 18/06/08.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.