Joseph Ratzinger, também conhecido como Papa Bento XVI, anda em situação difícil: repetem-se acusações de leniência quanto a crimes de pedofilia na Igreja Católica. Não se trata mais de ter que se manifestar sobre casos de abusos sexuais praticados por padres, mas de afirmar-se que o chefe católico foi omissso quanto a crimes cometidos quando de sua gestão num Arcebispado da Alemanha, além de sua suposta omissão quando de reiteradas cartas-denúncia que lhe foram enviadas quando já era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
As acusações são gravíssimas. Chega a conhecimento mundial a prática romanista de apenas mudar de paróquia os padres pedófilos.
Não se está diante de uma perseguição contra a Igreja Católica ou contra a pessoa de Joseph Ratzinger, mas da realidade de que essa Igreja age mal quanto a denúncias de crimes sexuais em seu seio. O problema não é que uma igreja tenha pastores corruptos, porque existem lobos. O problema é acobertar os lobos. Calar a verdade dos atos de criminosos é, de alguma forma, tomar parte em seus crimes. Merece pena aquele que, sabendo da existência de um crime, e conhecendo sua autoria, nada faz, deixa de comunicar às autoridades e faz de tudo para esconder as coisas.
O teólogo católico Hans Küng anda bem quando diz que o celibato é um dos maiores defeitos da Igreja Romana, mas creio que essa tolerância para com o pecado vai além do vício do celibato. Se padres impuros atacam menores por sua incontinência sexual desenfreada, bispos e outras autoridades parecem ter acostumado a fingir que isso não existe. Nesse caso o responsável não é somente o celibato, mas a arrogância, a prepotência, o orgulho, a vaidade.
Escrevendo aos coríntios, Paulo se dirige àqueles que, por sua jactância, toleravam um pecado sexual cometido por um de seus membros. A omissão daquela igreja era tão grande que o relacionamento sexual de um homem com a esposa de seu pai passou como coisa normal. Até mesmo para a promíscua cidade de Corinto parece, pelas palavras de Paulo, que o incesto era insuportável. Para os crentes coríntios, porém, dava para "engolir o sapo".
Gosto de repetir, quando tenho oportunidade, que a Igreja deve anunciar o Evangelho e denunciar o pecado. Não estou afirmando com isso que a Igreja Romana seja igreja segundo os padrões bíblicos. Mas, se pretende ser, está obrigada a denunciar o erro, a começar pelos seus.
Todavia, é impossível para uma igreja que se pretende mater et magistra, e que tem supostamente o "infalível" sucessor de Pedro como seu líder, aceitar que comete pecados. É difícil para um papa pedir desculpas. É impossível para o perfeito reconhecer pecados.
2 comentários:
Até hoje não se retrataram dos anátemas proferidos contra os protestantes no Concílio de Trento. Até hoje dizem que quem não for casado por um sacerdote romano (como é o meu caso) vive em pecado. Até muito recentemente dizem que as nossas igrejas não têm sacramentos reais, e que fora de Roma (note - não de Cristo, mas de Roma)não há salvação. o fato contundente e inegável é este - ROMA NUNCA MUDOU. Ratzinger só faz o que sempre fez. Mantém-se coerente com a linha doutrinária e da praxis romana. Isso até jornalistas ateus veem. Só quem não consegue ver são os evangélicos liberais.
Concordo , o que esta na midia e so o que apareceu, imagine o que esta encoberto ?
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