Perguntar ¿Por qué no te callas? já se tornou lugar-comum quando se trata de comentar declarações absurdas, precipitadas ou insensatas. A frase do rei Juan Carlos, dirigida ao falastrão Hugo Chávez, aplica-se ao presidente Lula, que em mais de sete anos de governo disse muitas coisas impensadas e impensáveis. Essa agora de comparar dissidentes cubanos com presos comuns foi o fim do mundo. Já passou da hora de o presidente Lula fazer greve de palavras!
Muitas coisas podem ser ditas sobre esse episódio: Lula esqueceu seu passado de preso político que fez greve de fome; esqueceu que em Cuba há um regime autoritário; esqueceu que, além do princípio constitucional da autodeterminação dos povos, há o princípio, também constitucional, da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais; esqueceu que Orlando Zapata Tamayo não morreu por capricho de opositor a um governo democrático, mas por medida extrema contra um regime político de extremos; esqueceu que sua companheira e candidata Dilma Rousseff foi guerrilheira, presa, torturada e clandestina numa ditadura menos fechada que a dos irmãos Castro; esqueceu que o Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, que ele assinou sem ler, causou tanta polêmica por tencionar a criação de uma "Comissão da Verdade", disposto a investigar crimes de militares no regime de 1964 a 1985; esqueceu que está em suas mãos, ou estará nas mãos de seu sucessor, a decisão para extraditar Cesare Battisti, condenado por atos de terrorismo na Itália, Estado tão soberano quanto Cuba.
Lula é pragmático demais. Diz o que convém ao seu impulso pelo poder. É mesmo um animal político, tem instinto. Mantém a política econômica liberal, que o mantém no poder, associando a isso a política social que em boa medida consiste em esmolas públicas e compra de votos institucionalizada. É aclamado internacionalmente por se posicionar como estadista moderno de país potência-emergente, mas, quando fala de improviso, revela suas ideias atrasadas, preconceituosas, maquiavélicas e presunçosas.
Se alguém critica o Lula, dizem que é preconceito de classe. Ninguém pode criticar o Lula. Ele é inatingível. Agradou os sindicalistas, agradou a UNE, agradou o MST, agradou os partidos fisiologistas (quase todos), agradou os bancos, agradou os mais pobres, agradou os políticos evangélicos em sua maioria, agradou os "concurseiros", agradou os servidores públicos, agradou Obama, agradou os Castro, Chávez, Lugo, Morales, os Kirchner, Ortega, Correa, Calderón. Lula fez um acordo com o mundo. Só não agradou, me parece, aos pobres dissidentes cubanos, que morrem de fome como única forma de chamar a atenção do mundo para a barbárie que é o regime da igualdade socialista da Revolução Cubana.
O presidente merece uma censura pública. Ó, Deus, onde estão as leis, as autoridades, as pessoas cívicas e humanistas? Onde estão os amantes da liberdade? Será que um homem pode abrir impunemente a sua boca para falar impropriedades desse quilate só porque exerce um mandato que lhe foi conferido? Esse homem não é coerente, não é progressista no melhor sentido, não ama a liberdade, a democracia nem os direitos humanos. Esse homem quer apenas entrar para a história.
Ao menos para mim, a morte de Orlando Zapata Tamayo e a renúncia pessoal de Guillermo Fariñas falarão mais alto que qualquer coisa que possa sair da boca do nosso presidente. Pois eloquente é a voz da consciência, ainda que a tentem calar, seja numa ditadura militar, seja numa ditadura de esquerda. Prefiro ouvir a voz dos dissidentes cubanos.
Lula, por favor, faça uma greve de palavras, um jejum de declarações públicas!!!
Muitas coisas podem ser ditas sobre esse episódio: Lula esqueceu seu passado de preso político que fez greve de fome; esqueceu que em Cuba há um regime autoritário; esqueceu que, além do princípio constitucional da autodeterminação dos povos, há o princípio, também constitucional, da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais; esqueceu que Orlando Zapata Tamayo não morreu por capricho de opositor a um governo democrático, mas por medida extrema contra um regime político de extremos; esqueceu que sua companheira e candidata Dilma Rousseff foi guerrilheira, presa, torturada e clandestina numa ditadura menos fechada que a dos irmãos Castro; esqueceu que o Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, que ele assinou sem ler, causou tanta polêmica por tencionar a criação de uma "Comissão da Verdade", disposto a investigar crimes de militares no regime de 1964 a 1985; esqueceu que está em suas mãos, ou estará nas mãos de seu sucessor, a decisão para extraditar Cesare Battisti, condenado por atos de terrorismo na Itália, Estado tão soberano quanto Cuba.
Lula é pragmático demais. Diz o que convém ao seu impulso pelo poder. É mesmo um animal político, tem instinto. Mantém a política econômica liberal, que o mantém no poder, associando a isso a política social que em boa medida consiste em esmolas públicas e compra de votos institucionalizada. É aclamado internacionalmente por se posicionar como estadista moderno de país potência-emergente, mas, quando fala de improviso, revela suas ideias atrasadas, preconceituosas, maquiavélicas e presunçosas.
Se alguém critica o Lula, dizem que é preconceito de classe. Ninguém pode criticar o Lula. Ele é inatingível. Agradou os sindicalistas, agradou a UNE, agradou o MST, agradou os partidos fisiologistas (quase todos), agradou os bancos, agradou os mais pobres, agradou os políticos evangélicos em sua maioria, agradou os "concurseiros", agradou os servidores públicos, agradou Obama, agradou os Castro, Chávez, Lugo, Morales, os Kirchner, Ortega, Correa, Calderón. Lula fez um acordo com o mundo. Só não agradou, me parece, aos pobres dissidentes cubanos, que morrem de fome como única forma de chamar a atenção do mundo para a barbárie que é o regime da igualdade socialista da Revolução Cubana.
O presidente merece uma censura pública. Ó, Deus, onde estão as leis, as autoridades, as pessoas cívicas e humanistas? Onde estão os amantes da liberdade? Será que um homem pode abrir impunemente a sua boca para falar impropriedades desse quilate só porque exerce um mandato que lhe foi conferido? Esse homem não é coerente, não é progressista no melhor sentido, não ama a liberdade, a democracia nem os direitos humanos. Esse homem quer apenas entrar para a história.
Ao menos para mim, a morte de Orlando Zapata Tamayo e a renúncia pessoal de Guillermo Fariñas falarão mais alto que qualquer coisa que possa sair da boca do nosso presidente. Pois eloquente é a voz da consciência, ainda que a tentem calar, seja numa ditadura militar, seja numa ditadura de esquerda. Prefiro ouvir a voz dos dissidentes cubanos.
Lula, por favor, faça uma greve de palavras, um jejum de declarações públicas!!!
2 comentários:
Onde assino seu post? Rapaz, que propriedade? Era tudo que queria dizer sobre Lula e não sabia como! O mais incrível é os brasileiros elegerem o "poste" que ele escolheu como sucessor. Como cada povo tem o Governo que merece...
Abraços!
Excelentes palavras. Já estou vendo - quem criticar será calado com um "esquece, esquece, afinal ele ajuda tanto os pobres..." Perdoa-se tudo a quem "ajuda os pobres". Cabe bem a frase já clássica do interventor de Getúlio em Pernambuco, Agamenon Magalhães: "Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei" (entendendo-se "lei" não a imparcial aplicação da lei, mas a parcial aplicação dos rigores da lei, claro). Tudo se perdoa ao Lula. Ontem, ao assistir ao noticiário, ficamos (eu e a esposa) indignados com as frase tristes. Oxalá a nossa morna e impotente oposição saiba USAR essas palavras durante a campanha. Não creio que modificariam a opinião do zé povinho, mas poderiam elucidar algumas almas mais esclarecidas. (Dá para ver que eu não simpatizo com eles, mas, fazer o quê...)
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