Não errei no título: meu objetivo não era escrever "pastores de almas", mas "pastores de armas" mesmo. Vimos ontem na televisão como três pastores foram presos em Campo Grande/MS, dois deles trazendo muitas armas de grosso calibre, que seriam vendidas para traficantes de drogas do Rio de Janeiro/RJ. Os pastores, interceptados na estrada pela Polícia Rodoviária Federal, delataram um terceiro. Todos são da Igreja Mundial do Poder de Deus, aquela do "apóstolo" Valdemiro Santiago.
É triste admitir que já tínhamos sabido, também pela imprensa, de pastores envolvidos em crimes contra o patrimônio e coisas dessa natureza. Ninguém vai se acostumar com isso jamais, nem deve. Isso é um escárnio. E essa notícia agora de pastores vendedores de armas é qualquer coisa de inominável.
Alguém dirá que isso é caso isolado; que não pode entrar para as estatísticas; que a igreja não tem culpa de nada; que os indivíduos eram falsos pastores. De fato, esses argumentos são razoáveis, mas há que se chamar a atenção para o aspecto da banalização do ofício de pastor. Se qualquer pessoa pudesse assumir essa função, não haveria tantos requisitos nas Cartas Pastorais, escritas por Paulo.
Traficantes de armas? Enquanto pastores e outros cristãos sobem os morros das favelas do Rio para lutar contra o mal ali instalado, salvando inúmeras vidas, esses três homens vendiam armas para traficantes de drogas!
A palavra "pastor" é uma das mais belas que conheço. Não consigo ver nela a pecha de iniquidade que lhe querem emprestar. O pastor é um cuidador de ovelhas, um homem dotado de um dom especial, um vocacionado, um apascentador, um homem de família, amoroso, gentil, hospitaleiro, apto a ensinar, cordial, sensato. Acima de tudo, uma pessoa chamada para cuidar de outras pessoas a partir dos conselhos da Bíblia. Quando uma pessoa ostenta o nome de "pastor" e pratica crimes, isso para mim é uma zombaria tão grande, algo que não se encaixa.
Tomemos sempre o cuidado de verificar o que a Escritura diz sobre os Últimos Dias. Haverá "lobos devoradores" introduzidos nas igrejas, falsos profetas e falsos mestres, ladrões, libertinos, ímpios, mentirosos, hereges, amantes dos prazeres. Eles estão entre nós.
Mas a certeza dos "sinais dos tempos" não pode ofuscar nossa sensibilidade. Não podemos nos acostumar com isso, como fazem os simpatizantes de um governo corrupto só porque ele dá dinheiro aos pobres. Deve haver indignação, sim, deve haver tristeza, sim, deve haver descontentamento, sim. E para não ficarmos acabrunhados nem amargurados, lembremos dos bons exemplos, dos "nossos guias" de que fala a Epístola aos Hebreus no capítulo 13. Há bons exemplos. Há seguidores de Jesus. Há os que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Jesus é bom e vai voltar para buscar Sua Igreja. Essa é a minha esperança. Ele virá.
Um comentário:
Coisas como essas são o resultado natural da teologia do Waldomiro e seus assemelhados. Se ser rico é sinal da aprovação e bênção de Deus, ora, sejamos - qualquer que seja o meio. Se eles devoram as casas das viúvas (entendidas aqui como pessoas desesperadas por doenças, vícios etc.) vendendo-lhes amuletos e cobrando-lhes contribuições, por que não vender armas? Qual é a diferença?
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