sexta-feira, 12 de março de 2010

Pastores de armas

Não errei no título: meu objetivo não era escrever "pastores de almas", mas "pastores de armas" mesmo. Vimos ontem na televisão como três pastores foram presos em Campo Grande/MS, dois deles trazendo muitas armas de grosso calibre, que seriam vendidas para traficantes de drogas do Rio de Janeiro/RJ. Os pastores, interceptados na estrada pela Polícia Rodoviária Federal, delataram um terceiro. Todos são da Igreja Mundial do Poder de Deus, aquela do "apóstolo" Valdemiro Santiago.
É triste admitir que já tínhamos sabido, também pela imprensa, de pastores envolvidos em crimes contra o patrimônio e coisas dessa natureza. Ninguém vai se acostumar com isso jamais, nem deve. Isso é um escárnio. E essa notícia agora de pastores vendedores de armas é qualquer coisa de inominável.
Alguém dirá que isso é caso isolado; que não pode entrar para as estatísticas; que a igreja não tem culpa de nada; que os indivíduos eram falsos pastores. De fato, esses argumentos são razoáveis, mas há que se chamar a atenção para o aspecto da banalização do ofício de pastor. Se qualquer pessoa pudesse assumir essa função, não haveria tantos requisitos nas Cartas Pastorais, escritas por Paulo.
Traficantes de armas? Enquanto pastores e outros cristãos sobem os morros das favelas do Rio para lutar contra o mal ali instalado, salvando inúmeras vidas, esses três homens vendiam armas para traficantes de drogas!
A palavra "pastor" é uma das mais belas que conheço. Não consigo ver nela a pecha de iniquidade que lhe querem emprestar. O pastor é um cuidador de ovelhas, um homem dotado de um dom especial, um vocacionado, um apascentador, um homem de família, amoroso, gentil, hospitaleiro, apto a ensinar, cordial, sensato. Acima de tudo, uma pessoa chamada para cuidar de outras pessoas a partir dos conselhos da Bíblia. Quando uma pessoa ostenta o nome de "pastor" e pratica crimes, isso para mim é uma zombaria tão grande, algo que não se encaixa.
Tomemos sempre o cuidado de verificar o que a Escritura diz sobre os Últimos Dias. Haverá "lobos devoradores" introduzidos nas igrejas, falsos profetas e falsos mestres, ladrões, libertinos, ímpios, mentirosos, hereges, amantes dos prazeres. Eles estão entre nós.
Mas a certeza dos "sinais dos tempos" não pode ofuscar nossa sensibilidade. Não podemos nos acostumar com isso, como fazem os simpatizantes de um governo corrupto só porque ele dá dinheiro aos pobres. Deve haver indignação, sim, deve haver tristeza, sim, deve haver descontentamento, sim. E para não ficarmos acabrunhados nem amargurados, lembremos dos bons exemplos, dos "nossos guias" de que fala a Epístola aos Hebreus no capítulo 13. Há bons exemplos. Há seguidores de Jesus. Há os que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Jesus é bom e vai voltar para buscar Sua Igreja. Essa é a minha esperança. Ele virá.

Um comentário:

João Armando disse...

Coisas como essas são o resultado natural da teologia do Waldomiro e seus assemelhados. Se ser rico é sinal da aprovação e bênção de Deus, ora, sejamos - qualquer que seja o meio. Se eles devoram as casas das viúvas (entendidas aqui como pessoas desesperadas por doenças, vícios etc.) vendendo-lhes amuletos e cobrando-lhes contribuições, por que não vender armas? Qual é a diferença?



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Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.