Quero refletir sobre o texto de Os 10.12, mas, antes, gostaria de tecer algumas considerações literárias e contextuais sobre o Livro de Oséias.
Oséias talvez seja o Livro Bíblico que mais contém figuras de linguagem referentes à vida agropastoril. São imagens do trigo, do vinho, da lã, do linho, do pão, da água, do óleo, das bebidas (2.5, 8, 9, 22; 3.11; 9.2; 14.7); da vide, da figueira (2.12; 14.7); da aliança ambiental que IAHWEH prometeu fazer em favor de Israel (2.18, 22, 23); da semeadura de trigo a que alude o nome “Jezreel” (1.4; 2.23); da terra de luto por causa dos pecados do povo (4.3); dos rebanhos, do gado (5.6); da semeadura de ventos que redundam em tormentas (8.7); da seara ausente, da erva que não dá farinha, ou é comida por estrangeiros (8.7); da eira e do lagar (9.2); das “uvas no deserto” ou “primícias da figueira nova” (9.10); das raízes secas de Efraim (Israel), como uma árvore que não dá fruto (9.16); ou como uma “vide luxuriante” que dá frutos abundantes, devotados para outros deuses (10.1); da “bezerra domada, que gostava de trilhar” atrelada ao carro e com um jugo em seu pescoço (10.11); da lavoura, do solo arado, da colheita, do consumo dos frutos ceifados (10.11,13); de Jacó enquanto guardador de gado (12.12); da “nuvem de manhã”, do “orvalho que cedo passa”, da “palha que se lança na eira”, da “fumaça que sai por uma janela” (13.3; ver também 14.5); “da terra muito seca” (13.5); do pasto (13.6); do vento leste que seca a nascente (13.15); do lírio florescendo, do cedro do Líbano lançando suas raízes (14.5); dos ramos se estendendo, com o esplendor da oliveira e a fragrância do cedro do Líbano (14.6); das pessoas sentadas à sombra da árvore (14.7); do cereal que vivifica (14.7); do cipreste verde, da origem do fruto (14.8).
Que belas metáforas! Que riqueza literária! Confesso que minha naturalidade urbana não me impede de valorizar cada uma dessas figuras campestres...
Assim, de maneira artística, e apelando para o cenário rural, o profeta denuncia a idolatria de Israel, que foi atrás de outros deuses acreditando vir deles a provisão de alimentos e os bens materiais; acusa um povo que usa as bênçãos de Deus para erigir altares idólatras, sacrificar animais a ídolos, produzir imagens de adoração. A Criação e a Providência do SENHOR acabaram sendo contempladas como dádiva dos deuses, para quem o povo dedicava suas oferendas dentre as bênçãos dadas pelo próprio Deus.
Nesse contexto, como sói acontecer com os profetas, há mensagem de esperança entrecortando o anúncio do juízo. Refiro-me a Os 10.12, como segue:
“Semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12).
Vale registrar que nesse texto o profeta remete a um momento passado, em que IAHWEH dera a Israel uma palavra de paz.
De fato, o julgamento divino sobre os israelitas iria se cumprir cabalmente em 722 a.C., quando os Assírios destruíram Samaria e começaram uma dominação que espalhou, de modo irreparável, os habitantes do Reino do Norte. Israel não deu ouvidos ao profeta no que toca ao texto de Os 10.12.
De toda sorte, trata-se de um versículo muito bonito, que palmilha a esteira das metáforas rurais e, mais do que isso, fala ao meu coração quanto à necessidade de preparar o terreno a fim de que o SENHOR opere conforme os Seus santos desígnios. Não somente a mim, pois essa palavra inspirada pelo Espírito Santo se dirige a todos os povos, não se tratando de uma promessa exclusiva a Israel, embora o contexto se refira a circunstâncias históricas particulares àquela Nação.
Campo de pousio é a terra não cultivada, que descansa durante a plantação para se manter fértil. É a terra que não conhece o arado nem os sulcos que este produz; que não foi visitada pelos instrumentos de trabalho do lavrador; que permanece sem cumprir seu propósito natural – sediar o cultivo.
Arar o campo de pousio é cuidar da espiritualidade. O solo do nosso coração precisa ser visitado pela Palavra de Deus, pela oração, pelos pensamentos que agradam ao SENHOR, pela boa disposição, pelos sentimentos adequados, pela moralidade sadia, pela fé, pelo arrependimento, pela santificação. Essa é uma palavra para quem já teve um encontro com Deus, mas que deixou o solo abandonado ou distante do cultivo do SENHOR. Também é uma palavra para quem sente a necessidade de cavar e revirar os fundamentos de sua individualidade.
Semear em justiça e colher segundo a misericórdia consiste na aplicação da lei da semeadura, bem-compreendida: quem semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna (Gl 6.7-9); quem semeia generosidade e altruísmo colhe graça, boas obras, justiça, gratidão a Deus (II Co 9.6-15).
Buscar ao SENHOR é para hoje. De acordo com Isaías, devemos buscar ao SENHOR “enquanto se pode achar”, invocando-o “enquanto está perto” (Is 55.6). Jeremias ouviu de Deus um convite especial: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3). Deus tem prazer em Se relacionar conosco.
É tempo de buscar ao SENHOR! Que bom saber disso. Desde o primeiro derramamento do Espírito (At 2.1-4; cf. Is 44.3), o Espírito Santo tem estado acessível aos filhos de Deus (Lc 11.9-13; Jo 1.12; Jo 14.16-26; Rm 5.5; Gl 4.6; Tt 3.5; I Pe 1.2).
Como efeito do buscar ao SENHOR, Ele enviará a chuva de justiça sobre nós. Quão preciosa é a chuva para o sucesso das colheitas! Chuva tem que ver com gratuidade, abundância e procedência divina. Nesse trecho, adiciona-se a noção de justiça, retidão. É Deus Quem concede gratuita e abundantemente Sua justiça aos Seus filhos.
Não posso negar que o texto me traz a idéia de avivamento. Outras passagens bíblicas perfazem essa construção, especialmente Is 44.3, 45.8 e Os 6.3. Cito apenas aquelas em que há um nítido significado espiritual – sem alegorização de minha parte –, denotando derramamento do Espírito (Is 44.3), justiça e salvação de Deus (Is 45.8), descida de Deus junto ao Seu povo (Os 6.3).
O avivamento, cujo conceito tem sido deturpado e vinculado a “emocionalismo”, parte do arrependimento genuíno, que, a seu turno, começa com o recebimento da Palavra do SENHOR. O avivamento começa com o gotejar da doutrina do SENHOR, como chuva, como a palavra que desce como orvalho, “como chuvisco sobre a relva, e como gotas de água sobre a erva” (Dt 32.2). Isso ocorreu em Ne 8.1-12, quando o povo de Jerusalém se reuniu unanimemente com sede da Palavra de Deus; e em Atos 8.4-18, quando multidões samaritanas receberam a Palavra e mudaram seus caminhos. Não há avivamento que não comece em Deus.
De tudo o que temos escrito aqui, deve ficar em nossos corações um desejo por mais de Deus. É d’Ele todo fruto bom (Gl 5.22,23), toda justiça, toda bondade. Busquemos ao SENHOR com um coração arado, despojado de malícias e perversidades, livre das ações que Israel cometeu nos tempos de Oséias.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos envie a chuva que rega a terra. Como escreveu Paulo, somos a lavoura de Deus, sendo Ele mesmo Quem dá o crescimento (I Co 3.6-9). Precisamos nos preparar para o verdadeiro avivamento, que desce do Céu.
Oséias talvez seja o Livro Bíblico que mais contém figuras de linguagem referentes à vida agropastoril. São imagens do trigo, do vinho, da lã, do linho, do pão, da água, do óleo, das bebidas (2.5, 8, 9, 22; 3.11; 9.2; 14.7); da vide, da figueira (2.12; 14.7); da aliança ambiental que IAHWEH prometeu fazer em favor de Israel (2.18, 22, 23); da semeadura de trigo a que alude o nome “Jezreel” (1.4; 2.23); da terra de luto por causa dos pecados do povo (4.3); dos rebanhos, do gado (5.6); da semeadura de ventos que redundam em tormentas (8.7); da seara ausente, da erva que não dá farinha, ou é comida por estrangeiros (8.7); da eira e do lagar (9.2); das “uvas no deserto” ou “primícias da figueira nova” (9.10); das raízes secas de Efraim (Israel), como uma árvore que não dá fruto (9.16); ou como uma “vide luxuriante” que dá frutos abundantes, devotados para outros deuses (10.1); da “bezerra domada, que gostava de trilhar” atrelada ao carro e com um jugo em seu pescoço (10.11); da lavoura, do solo arado, da colheita, do consumo dos frutos ceifados (10.11,13); de Jacó enquanto guardador de gado (12.12); da “nuvem de manhã”, do “orvalho que cedo passa”, da “palha que se lança na eira”, da “fumaça que sai por uma janela” (13.3; ver também 14.5); “da terra muito seca” (13.5); do pasto (13.6); do vento leste que seca a nascente (13.15); do lírio florescendo, do cedro do Líbano lançando suas raízes (14.5); dos ramos se estendendo, com o esplendor da oliveira e a fragrância do cedro do Líbano (14.6); das pessoas sentadas à sombra da árvore (14.7); do cereal que vivifica (14.7); do cipreste verde, da origem do fruto (14.8).
Que belas metáforas! Que riqueza literária! Confesso que minha naturalidade urbana não me impede de valorizar cada uma dessas figuras campestres...
Assim, de maneira artística, e apelando para o cenário rural, o profeta denuncia a idolatria de Israel, que foi atrás de outros deuses acreditando vir deles a provisão de alimentos e os bens materiais; acusa um povo que usa as bênçãos de Deus para erigir altares idólatras, sacrificar animais a ídolos, produzir imagens de adoração. A Criação e a Providência do SENHOR acabaram sendo contempladas como dádiva dos deuses, para quem o povo dedicava suas oferendas dentre as bênçãos dadas pelo próprio Deus.
Nesse contexto, como sói acontecer com os profetas, há mensagem de esperança entrecortando o anúncio do juízo. Refiro-me a Os 10.12, como segue:
“Semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12).
Vale registrar que nesse texto o profeta remete a um momento passado, em que IAHWEH dera a Israel uma palavra de paz.
De fato, o julgamento divino sobre os israelitas iria se cumprir cabalmente em 722 a.C., quando os Assírios destruíram Samaria e começaram uma dominação que espalhou, de modo irreparável, os habitantes do Reino do Norte. Israel não deu ouvidos ao profeta no que toca ao texto de Os 10.12.
De toda sorte, trata-se de um versículo muito bonito, que palmilha a esteira das metáforas rurais e, mais do que isso, fala ao meu coração quanto à necessidade de preparar o terreno a fim de que o SENHOR opere conforme os Seus santos desígnios. Não somente a mim, pois essa palavra inspirada pelo Espírito Santo se dirige a todos os povos, não se tratando de uma promessa exclusiva a Israel, embora o contexto se refira a circunstâncias históricas particulares àquela Nação.
Campo de pousio é a terra não cultivada, que descansa durante a plantação para se manter fértil. É a terra que não conhece o arado nem os sulcos que este produz; que não foi visitada pelos instrumentos de trabalho do lavrador; que permanece sem cumprir seu propósito natural – sediar o cultivo.
Arar o campo de pousio é cuidar da espiritualidade. O solo do nosso coração precisa ser visitado pela Palavra de Deus, pela oração, pelos pensamentos que agradam ao SENHOR, pela boa disposição, pelos sentimentos adequados, pela moralidade sadia, pela fé, pelo arrependimento, pela santificação. Essa é uma palavra para quem já teve um encontro com Deus, mas que deixou o solo abandonado ou distante do cultivo do SENHOR. Também é uma palavra para quem sente a necessidade de cavar e revirar os fundamentos de sua individualidade.
Semear em justiça e colher segundo a misericórdia consiste na aplicação da lei da semeadura, bem-compreendida: quem semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna (Gl 6.7-9); quem semeia generosidade e altruísmo colhe graça, boas obras, justiça, gratidão a Deus (II Co 9.6-15).
Buscar ao SENHOR é para hoje. De acordo com Isaías, devemos buscar ao SENHOR “enquanto se pode achar”, invocando-o “enquanto está perto” (Is 55.6). Jeremias ouviu de Deus um convite especial: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3). Deus tem prazer em Se relacionar conosco.
É tempo de buscar ao SENHOR! Que bom saber disso. Desde o primeiro derramamento do Espírito (At 2.1-4; cf. Is 44.3), o Espírito Santo tem estado acessível aos filhos de Deus (Lc 11.9-13; Jo 1.12; Jo 14.16-26; Rm 5.5; Gl 4.6; Tt 3.5; I Pe 1.2).
Como efeito do buscar ao SENHOR, Ele enviará a chuva de justiça sobre nós. Quão preciosa é a chuva para o sucesso das colheitas! Chuva tem que ver com gratuidade, abundância e procedência divina. Nesse trecho, adiciona-se a noção de justiça, retidão. É Deus Quem concede gratuita e abundantemente Sua justiça aos Seus filhos.
Não posso negar que o texto me traz a idéia de avivamento. Outras passagens bíblicas perfazem essa construção, especialmente Is 44.3, 45.8 e Os 6.3. Cito apenas aquelas em que há um nítido significado espiritual – sem alegorização de minha parte –, denotando derramamento do Espírito (Is 44.3), justiça e salvação de Deus (Is 45.8), descida de Deus junto ao Seu povo (Os 6.3).
O avivamento, cujo conceito tem sido deturpado e vinculado a “emocionalismo”, parte do arrependimento genuíno, que, a seu turno, começa com o recebimento da Palavra do SENHOR. O avivamento começa com o gotejar da doutrina do SENHOR, como chuva, como a palavra que desce como orvalho, “como chuvisco sobre a relva, e como gotas de água sobre a erva” (Dt 32.2). Isso ocorreu em Ne 8.1-12, quando o povo de Jerusalém se reuniu unanimemente com sede da Palavra de Deus; e em Atos 8.4-18, quando multidões samaritanas receberam a Palavra e mudaram seus caminhos. Não há avivamento que não comece em Deus.
De tudo o que temos escrito aqui, deve ficar em nossos corações um desejo por mais de Deus. É d’Ele todo fruto bom (Gl 5.22,23), toda justiça, toda bondade. Busquemos ao SENHOR com um coração arado, despojado de malícias e perversidades, livre das ações que Israel cometeu nos tempos de Oséias.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos envie a chuva que rega a terra. Como escreveu Paulo, somos a lavoura de Deus, sendo Ele mesmo Quem dá o crescimento (I Co 3.6-9). Precisamos nos preparar para o verdadeiro avivamento, que desce do Céu.
*Este texto também foi publicado no "site" http://www.msevangelico.com.br/, mais precisamente em http://www.msevangelico.com.br/noticias.php?CD=9134.
O Pastor Jadilson Barros igualmente publicou o texto no "site" www.ibjapiim.com.br, mais precisamente em http://www.ibjapiim.com.br/?page=novidades.php. É o "site" da Igreja Batista do Japiim, em Manaus-AM, que eu tive o prazer de conhecer em meados de 2001.
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