Se não estou enganado, usa-se muito agora a frase "Jesus veio quebrar paradigmas" com o objetivo de justificar modismos na Igreja evangélica brasileira. Rompendo com boas tradições e geralmente importando dos Estados Unidos aquelas "teologias" e estratégias de crescimento de igreja, alguns líderes têm repetido que "Jesus veio quebrar paradigmas", mas há que se refletir sobre o conteúdo dessa afirmação.
Jesus veio mesmo quebrar paradigmas? Eu sei que Jesus veio buscar e salvar o perdido (Mt 18.11; Lc 19.10), servir e dar a Sua vida em resgate por muitos (Mt 20.28; Mc 10.45), dar vida, e vida abundante (Jo 10.10).
Ora, Jesus veio morrer pelos pecados da Humanidade, a fim de oferecer perdão (remissão) de pecados, adoção de filhos, justificação pela graça mediante a fé, regeneração, aceitação junto ao Pai, e a Vida Eterna. Jesus veio salvar um povo, santificá-lo e conduzi-lo ao Céu. Em nenhum texto bíblico está escrito, sequer implicitamente, que Jesus tenha vindo para quebrar paradigmas.
Agora, ninguém pode negar que Ele quebrou muitos paradigmas. Jesus quebrou o paradigma farisaico de que o cumprimento da lei seria meramente externo, formal; Jesus quebrou o paradigma de que a lei poderia salvar; Jesus quebrou o paradigma de que o homem foi feito para o sábado; Jesus quebrou o paradigma de que judeus não podiam se dar com samaritanos; Jesus quebrou o paradigma de que mulheres eram de classe inferior; Jesus quebrou o paradigma de que publicanos (cobradores de impostos) não podiam ser salvos; Jesus quebrou o paradigma de que o Ser Humano não poderia ter acesso ao Pai, mesmo que se tratasse de um gentio. No entanto, o que Jesus veio fazer foi vencer o pecado, e, com isso, vencer a morte.
O problema das frases de efeito é a apresentação de uma verdade retórica. Como ninguém nega que Jesus tenha quebrado paradigmas, o adepto de modismos conclui sorridente: "Está vendo? O que estamos fazendo aqui é quebrar paradigmas como Jesus sempre fez".
Devemos avaliar as coisas com discernimento. Se nossa cosmovisão depender de frases de efeito, estaremos realmente desorientados, pois não há substância em argumentos dessa natureza.
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