quinta-feira, 10 de julho de 2008

"...como lasca de madeira na superfície da água"

"...como lasca de madeira na superfície da água" (Os 10.7) - que imagem, que humilhação! Com seu exuberante fervor metafórico, o profeta Oséias (Séc. VIII a.C.) prediz que o rei de Samaria viria a ser exatamente assim. E assim foi quando os assírios sitiaram Samaria, Capital do Israel/Reino do Norte, e dominaram o rei israelita, homônimo do profeta (II Rs 17.1-6).
O rei Oséias, filho de Elá, foi um governante ruim, embora não tão ruim quanto os seus antecessores (II Rs 17.1,2). Ele tomou o poder num golpe, matando rei Peca, também mau, que reinara por vinte anos (II Rs 15.27-30).
Oséias tornou-se servo e tributário do rei assírio Salmaneser, pagando-lhe tributos de ano em ano. Quando resolveu conspirar, pedindo socorro ao rei egípcio Sô - o nome é esse mesmo -, foi encerrado em grilhões e preso num cárcere. Durante três anos de seu governo, Samaria permanecera sitiada. Ela tinha um rei que não servia de nada, que não governava, que não fazia diferença.
Então, esse foi o cumprimento da palavra profética, pois o rei de uma cidade sitiada é "como lasca de madeira na superfície da água". É levado pela corrente do rio, não tem autonomia, não segue uma direção própria. Se essa lasca de maderia estiver em água parada, ela fica parada também. É inerte.
O resultado do pecado secular de Israel foi a queda de Samaria em 722 a.C. e a deportação dos israelitas para a Assíria, com a introdução de outros povos nas terras de Israel, formando um misto de gente que daria origem aos samaritanos da época de Jesus (ver II Rs 17.7-41, Lc 10.25-37 e Jo 4.9).
O rei Oséias poderia entrar para a história como alguém que lutou contra a idolatria, como um paladino da moralidade, da resistência ao pecado. No entanto, foi um rei mediano, que não se destacou nem para o bem nem para o mal (II Rs 17.2). Não que tivesse que se destacar pelo mal! O que ocorre é que ele foi nulo em si mesmo, um fraco.
Entendo que os reis de Israel e Judá são figuras pastorais, pois sua liderança político-administrativa se dava sobre o povo de Deus, tendo eles que zelar pela pureza religiosa, moralidade e combate à idolatria. Isso é claro em I e II Reis. Não estou dizendo que eles eram pastores, nem que o pastor seja um político, mas que a história dos reis de Israel e Judá contém lições valiosas para a liderança pastoral em todos os tempos. Para mim, esses reis eram como que figuras do ofício pastoral neotestamentário. Depois poderemos aprofundar isso, se Deus quiser.
Neste caso do rei Oséias, ele representa os pastores que se posicionam "como lascas de madeira na superfície da água", desprovidos de atitude, orientação, firmeza, princípios, controle da situação. Um homem que vai para onde o curso da água leva não é digno da função que exerce.

Nenhum comentário:



Fale comigo!

Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

Arquivo do blog

Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.