Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27), mas o homem e a mulher criam deuses à sua imagem e semelhança.
Quem destaca os milagres afirma que "nosso Deus é um Deus de milagres", e coloca o sobrenatural como aspecto mais importante, como se prodígios sempre tivessem que ocorrer para confirmar a atuação de Deus na vida humana.
Quem é muito sentimental afirma que Deus é mais amoroso do que justo, esquecendo-se de que amor é ação, mais do que emoção, e de que os atributos de Deus não se contradizem.
Quem é racional demais afirma que Deus não foge a esquemas previamente organizados, e que esses esquemas servem para tudo, desde a Criação até à liturgia cristã.
Quem supervaloriza a justiça social defende a idéia de um Deus que busca fundamentalmente a libertação dos pobres, a emancipação do Terceiro Mundo, o aperfeiçoamento das sociedades por meio da atividade político-partidária e dos movimentos sociais.
Quem é autoritário cria um deus vingativo, mais justo do que amoroso, como um policial do Universo, que espreita a todo instante para ver quem vai pecar. Esquecem que Deus é amor. Esse deus policial impõe medo, um verdadeiro terrorismo, que chama de "santificação" o processo de amedrontamento e aprisionamento de crentes, quando santificação é o processo de amadurecimento ético em Cristo.
Há também o deus materialista, para os que enfatizam o poder, os bens materiais e o dinheiro. Esse deus está muito em voga. Em outras épocas ele foi denominado "Mamom".
Dessa forma, cada um cria o deus que se encaixe melhor a sua ideologia. O problema é querer que o Deus da Bíblia se adapte aos modelos ideológicos. Com isso, cria-se um panteão supostamente bíblico: o deus do milagre, o deus passional, o deus racional, o deus policial, o deus social, o deus materialista, dentre tantos outros que sejam permitidos pela imaginação humana decaída.
Com o aumento das teologias, a gosto do freguês, os deuses se multiplicam.
Além disso, e nesse mesmo contexto, traduções manipuladas da Bíblia, bem como paráfrases, contribuem para as distorções. Hoje existem edições bíblicas dependendo do público. Ora, isso não é perigoso? Não se pode com isso contribuir para o aumento do panteão, pela modificação de características de Deus, adicionando-as ou diminuindo-as?
Portanto, é necessário revisarmos nossos conceitos de Deus. A única maneira de conhecermos a Deus é atentando para a Bíblia. Qualquer outro caminho conduz à criação de deuses à nossa imagem e semelhança.
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