terça-feira, 22 de abril de 2008

Sobre filhos e ovelhas

Minha filha Elisa ainda mama no peito, embora tenha quase dois anos e quatro meses - que se completarão amanhã -, e embora já coma arroz, feijão, carne etc. Ela gosta de mamar por uma questão emocional, porque nutrição ela consegue normalmente sem o leite materno.
Elisa mama às vezes quando quer chamar a atenção da mãe, especialmente quando eu estou conversando com ela. Mama várias vezes ao dia, se deixar. De manhãzinha, ela acorda e mama. À noite, para dormir, ela mama.
Miriam tentou alguns expedientes sugeridos, mas não deu certo. Sugeriram sal amargo e outras coisas, mas Elisa encara tudo. Ela quer mamar e, para isso, supera os amargos da vida. Tudo por um motivo emocional, talvez de insegurança, não sei.
No entanto, agora queremos ter outro filho, e parece que o fato de Miriam amamentar diminui a fertilidade. É a Miriam que diz isso, eu não entendo. Dessa forma, ficamos num dilema, pois queremos ter outro filho ou filha, mas só nós sabemos como a Elisa fica nervosa quando a Miriam diz que não vai dar o mamar pra ela. Certa vez Elisa até arranhou o rosto com as próprias unhas, de tanta raiva que sentiu por causa disso!
Assim, mesmo sem precisar do leite materno, porque já passou dos dois anos de idade, Elisa acha que precisa do leite. Enquanto isso, outro rebento ainda não pode ser gerado, e, quando nascer, vai querer, com razão, todo o leite do mundo.
Eu compreendo a Elisa - apesar de não concordar com sua postura. Ela sente-se bem acomodada junto à mãe. Afinal, qual o melhor lugar senão o colo aconchegante de nossa mãezinha? Existe, por acaso, um lugar melhor?
Temos, portanto, uma espécie de dilema que muitos pais devem atravessar. Deve ser tema freqüente de conversas entre mães que passaram por isso e mães que experimentam o fenômeno.
De minha parte, além de ficar na expectativa de que Miriam engravide, vejo-me a pensar no trabalho pastoral...
O pastor cuida de um rebanho com múltiplas necessidades. As ovelhas são diferentes, têm necessidades diferentes. Uma ovelha está crescidinha, mas ainda toma leite materno. Outras ovelhas precisam nascer. As ovelhas maduras são raras. As ovelhas que dão trabalho são muitas. As ovelhas precisam de cuidado constante para tudo: alimento, água, proteção contra lobos e outros adversários. As ovelhas também precisam de defesa contra sua própria fragilidade.
Há ainda o aspecto da diferença de desenvolvimento: cada ovelha cresce e se desenvolve de maneira diferente, há um tempo para cada uma. Não se pode dizer que uma ovelha de três anos terá o mesmo crescimento de outra da mesma idade. O tempo é individual, e por isso merece tratamento personalizado.
Admiro os pastores (de verdade). Admiro os pastores que sabem qual a essência de sua função, que amam as ovelhas que ainda mamam, e que sabem aguardar com paciência o nascimento de novas ovelhas.
O pastor, o pastor mesmo, cuida e ama cuidar. Aliás, se não for para amar, não serve para ser pastor, porque pode ser que a ovelha queira no momento mais atenção do que alimento; pode ser que seu problema seja mais emocional do que moral, intelectual ou espiritual; pode ser que o leite materno seja usado como forma de aproximação, e não apenas como forma de nutrição.
Conseqüentemente, o desafio é equilibrar o crescimento com a relação. Sem crescimento, a gente fica atrofiado e infantilizado. Sem relacionamento, a gente fica desumanizado.

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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.