Dizem que a frase de Sócrates é "Sei que nada sei". Tive um professor de Sociologia e Ciência Política - o bom e velho Jefferson Boechat Soares - que afirmou estar a frase incompleta. Segundo ele, Sócrates teria dito: "Sei que nada sei, se é que sei". Sendo assim, o filósofo duvidava até mesmo de sua própria capacidade de perceber a ignorância que trazia consigo.
Como estudante de Teologia e apreciador do estudo e da discussão, sempre me atrevo a falar muito sobre assuntos que me interessam. Acho que isso tem muito da minha família, do meu temperamento, da minha inclinação pessoal ao mundo das palavras e da oratória. Talvez a formação em Direito tenha contribuído para isso, pois, como diria meu professor de Direito Comercial, o também inesquecível Daniel Amin Ferraz, "o instrumento de trabalho do operador do Direito é a palavra". Embora em meu trabalho eu só use a palavra escrita, acho que o Direito me ajudou também quanto à palavra oral, à argumentação, ao gosto pelo convencimento.
No entanto, sei que nós que falamos "demais" temos que estar cientes de que as pessoas nem sempre gostam de nos ouvir, e isso é normal. Criticam, discordam, criam polêmicas, ou não gostam das polêmicas que nós, os faladores, criamos. É certo que muitos dos silenciosos se fazem representar pelos faladores, mas não querem se dar ao embate, por várias razões. Eu entendo isso, e respeito plenamente.
O importante é estar preparado para a oposição e manter-se coerente consigo mesmo. Creio que o pior de tudo é a contradição no próprio discurso.
Mas eu quero destacar o fato de que, conquanto fale muito, eu nada sei. O falar nada tem que ver com saber. Quem sabe é Deus. Nós, mais ou menos faladores, somos todos ignorantes. No fundo, a única sabedoria que existe é temer a Deus (Pv 1.7). E é por isso mesmo que eu estudo: ciente de minha ignorância, vou estudar para ver se aprendo alguma coisa, já que "os loucos [é que] desprezam a sabedoria e o ensino" (idem).
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