No Programa Canal Livre transmitido ontem pela Rede Bandeirantes, foram entrevistados um psiquiatra, uma psicóloga e uma psicopedagoga, que falaram sobre a reação da sociedade à exposição diária do Caso Isabella Nardoni.
O que me chamou a atenção foi um trecho da terceira entrevista, em que a psicopedagoga afirmou que a desestruturação familiar trouxe problemas quanto à formação ética dos filhos. Para mim, ela estava certíssima. No entanto, como imaginei, tanto o Fernando Mitre como o Marcelo Parada levaram a questão para o lado de que a remodelação familar não pode ser responsabilizada pelos problemas familiares de hoje, e que estaríamos num período de transição em que a "nova família" precisa ainda se adaptar, cabendo à sociedade resolver esses novos conflitos.
Ante a intervenção dos jornalistas, a psicopedagoga acabou concordando com a premissa de que a família tradicional também tinha seus problemas. Sim, ninguém nega isso. Entretanto, o que ela estava defendendo - e com isso eu concordo - era que os casamentos sucessivos dos pais atrapalham a formação ética dos filhos, que ficam sem saber afinal de contas quem é o responsável, que é a autoridade dentro de casa, pois entram as figuras do padrasto e da madrasta. Diante de uma pergunta do Marcelo Parada sobre a família Nardoni, que para ele parece "forte", ela disse que força não significa ética - mais uma boa afirmação. Uma família forte e unida não é necessariamente um lugar de acolhimento moral.
Outro ponto que eu gostaria de destacar foi quando o mesmo Marcelo Parada reclamou que certa vez, numa reunião escolar de que participou, a escola pediu aos pais que não deixassem os filhos levarem celular para ó colégio, a fim de não atrapalhar as aulas. Parada achou que isso fôsse algum tipo de receio ou medo por parte dos professores, que estariam repassando essa autoridade para os pais. Mais uma vez discordei do jornalista, pois essa autoridade é primordialmente dos pais, e não dos professores. É dever primeiro dos pais não permitir que os filhos levem celular para a escola. Creio que é justamente essa transferência de autoridade que contribui, entre outros fatores, para que as famílias brasileiras tenham se tornado débeis no aspecto da formação do caráter.
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