Quando eu era criança, há cerca de 20 anos, o ofício de pastor era mais respeitado - pelo menos esta é a impressão que tenho. Embora algumas pessoas escarnecessem dos pastores chamando-os de ladrões, creio que a maioria das pessoas respeitava a vocação do pastor e sua honestidade.
Ao ser perguntado sobre sua ocupação, o pastor sentia-se honrado em dizer: "sou ministro do Evangelho", "sou pastor de uma igreja".
Passados alguns anos, fico a pensar o que será do ofício pastoral daqui a algum tempo, já que tem crescido a cada dia a suspeita sobre os evangélicos, os pastores e as igrejas, devido a escândalos e a práticas anti-éticas da parte de certos grupos.
Hoje há uma banalização do cargo de pastor. Aliás, uso a palavra "cargo" porque, apesar de entender que pastor não é cargo, mas dom, muitos têm sido alçados ao cargo de pastor, como se fosse um título, um prêmio pelo conjunto da obra ou um posto no contexto de uma hierarquia.
Para mim, pela interpretação das Escrituras, pastor é dom, assim como foi com os apóstolos e profetas, assim como é com os evangelistas, com os que exercem misericórdia, com os que presidem, com os que falam em línguas, com os que curam enfermos etc.
Os ofícios eclesiásticos são exclusivamente presbítero e diácono. Alguns presbíteros pastoreiam, outros administram, e outros ainda fazem as duas coisas. Não veremos as igrejas do Novo Testamento ordenando pastores, mas presbíteros, assim como não veremos ordenações de evangelistas. Por exemplo, Filipe foi um diácono que se tornou um notável evangelista - um homem investido num cargo e que manifestou determinado dom.
Essa é a diferença: o cargo compreende algumas funções e precisa da nomeação da igreja pela imposição das mãos do presbitério. Já o dom é concedido por Deus para a consecução de um fim proveitoso, não demanda a imposição de mãos nem o reconhecimento pela igreja, ainda que isso possa ocorrer. Pastor é dom, não é cargo!
Em nossos dias, há muitos pastores e poucos mestres. Vejo homens sem conhecimento, sem formação ética, sem vocação, sem treinamento, e mesmo sem idade, dizendo que são pastores. Acima deles, há os bispos, quiçá apóstolos, depois profetas, talvez anjos, quem sabe até reis! Criou-se uma hierarquia em que o pastor é um dos postos numa cadeia alargada de comandos.
Onde nós vamos parar? Se ontem o pastor precisava deixar sua vocação secular para abraçar uma vocação ministerial, em nome da necessidade da igreja, hoje muitos não vêem nenhum sacrifício em partir para uma vida de pastor, porque terão título, status, espaço e visibilidade, nem que seja sobre um pequeno grupo de famintos.
Não advogo a tese de que o pastor tenha que viver sofrendo, nem creio que seja ruim o ministério integral - cada um é chamado de um jeito. Só não concordo com os que se dizem pastores sem vocação nenhuma, e abomino a ordenação de neófitos.
Se não houvesse ordenações precipitadas, por que motivo Paulo escreveria o que está contido em I Tm 5.22? Ali não se trata de nomeações ministeriais indevidas?
Um comentário:
Oi Alex,
obrigado pelo comentário, o qual estarei copiando em nosso Blog, com em seu nome.
Depois volto aqui com mais calma para apreciar os textos.
Abrçs,
Roger
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