Em lugar do Dia da Mentira, deveria haver o Dia da Verdade. Sim, deveria existir um dia em que todo mundo se dedicasse a dizer somente a verdade, nada mais que a verdade, e sem a ajuda daquela maquininha ridícula que o Sílvio Santos usa num programa dominical de TV.
Com o Dia da Mentira, fica parecendo que a verdade é uma instituição social, o que, em absoluto, não procede. A sociedade trabalha muito à base da mentira. A mentira, longe de ser exceção, é uma regra social.
Basta vermos casos como o da política: os políticos em geral labutam em torno de mentiras. Fazem promessas que não cumprirão jamais. Até onde eu sei, prometer sabendo que não vai cumprir é uma forma de mentir.
A advocacia, profissão essencial à Justiça - como preceitua a Constituição - acaba sendo associada à mentira por causa dos maus profissionais que usam o engano como instrumento de trabalho. Forjando provas, fabricando testemunhas, aproveitando as fragilidades do sistema legal e distorcendo as palavras do adversário, o advogado mentiroso é um prejuízo à sociedade, à moral e ao próprio Direito.
Até mesmo cientistas usam a mentira, quando ajustam metodologias para alcançarem os resultados que querem. Um caso recente de mentira científica foi o do sul-coreano que proclamou ter clonado seres humanos - era tudo uma grande farsa.
Nas relações negociais e empresariais, reina a mentira. O fornecedor de produtos ou serviços não raro esconde os defeitos daquilo que oferece, e exalta demasiadamente aquilo que vende. Os altos executivos muitas vezes exercitam o blefe, assim como típicos jogadores nos cassinos ou mesas de bar.
O Brasil eu ainda não sei se é o País da mentira ou um País de mentira. Realmente não entendo como nós conseguimos ser tão falsos quanto a nossos próprios problemas. Não resolvemos nada do que precisa ser resolvido, instauramos uma CPI quando o escândalo surge, e depois lavamos as mãos, porque, segundo a velha toada, "o Congresso não pode legislar sob pressão". Quer dizer, eles não legislam sob pressão, mas também não legislam sem pressão. Tudo é uma ficção, um faz-de-conta, uma novela de mau-gosto.
Deveríamos ficar tristes com a eleição de um dia inteiro para a mentira.
O pior de tudo é quando a mentira adentra a igreja. Isso é o fim. O apóstolo Pedro nos advertiu dizendo que "falsos mestres" fariam "comércio" de nós com "palavras fictícias" (II Pe 2.1,3). Esses homens (e mulheres) estão baseados na mentira: a) são falsos mestres; b) introduzem dissimuladamente heresias destruidoras; c) renegam o SENHOR que os resgatou, o que implica numa negação da realidade espiritual; d) contribuem para a infamação do "caminho da verdade".
Ora, quem não é capaz de admitir que uma heresia consiste num ensino mentiroso sobre Deus? Quem não consegue admitir que essas teologias estapafúrdias da prosperidade e da confissão positiva estão falando de um deus que não é o Deus bíblico? Isso é mentira ou não? Será que até mesmo o conceito de mentira eles conseguiram distorcer? Será que fazem o mesmo jogo de palavras que certos governantes, para escapar de uma condenação política e jurídica, e continuar enganando o povo? Aliás, êta povinho que gosta de ser enganado, hein? Refiro-me ao povo brasileiro, o que está infelizmente afetando as igrejas!
Deveríamos saber que o pai da mentira é o diabo. Foi Jesus quem disse isso, como segue:
"Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu vos digo a verdade, não me credes" (Jo 8.44,45, na ARA).
Quem vive mentindo está fazendo o que o diabo inventou. Dizemos que o diabo não criou nada, mas distorceu as criações de Deus. Por exemplo, Deus criou o casamento, e o diabo inventou o adultério, a fornicação, a prostituição, a impureza. Deus criou a autoridade, e o diabo inventou o autoritarismo. Deus criou a música, e o diabo inventou as festas orgiásticas regadas a danças frenéticas. Enfim, o diabo continua mentindo ao ser humano, com se as coisas que ele inventou tivessem algum valor em si mesmas, quando na realidade terminam por afastar o homem de Deus.
É triste saber como o Dia da Mentira é valorizado. Não me refiro ao Dia em si, mas a todas as práticas que cotidianamente fazem desse Dia uma síntese da vida.
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