Todos os dias tomamos conhecimento de notícias trágicas, dando conta de acidentes e crimes brutais em todo o mundo. Com a informação globalizada em tempo real, assistimos a guerras político-tribais no Quênia e a atentados de homens-bomba no Oriente Médio; e com as câmeras colocadas em pontos estratégicos de cidades brasileiras, vemos acidentes de automóvel com inúmeras mortes. Tudo isso ocorre todos os dias, à nossa frente, na TV, no rádio ou na Internet - e ficamos pasmados.
Em nossos corações, logo surge a pergunta: por que tantas pessoas inocentes morrem de maneira cruel? Por que crianças e mulheres ficam à mercê da violência estúpida e muitas vezes anônima das ruas ou de dentro de casa?
Essa questão não é nova, não é exclusiva aos tempos pós-modernos (ou hiper-modernos, como queiram). Vejamos:
Conta-nos o médico Lucas (13.1-5) que em certa ocasião algumas pessoas conversaram com Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturou com o sacrifício por eles oferecido. Aquilo era tão absurdo e tão maldoso que - pensavam eles - precisava de uma explicação. Como Jesus estava ali, talvez Ele tivesse uma resposta.
Na verdade, Jesus sabia que Seus interlocutores buscavam uma explicação do tipo causa e efeito, no sentido de que alguma coisa os pobres homens deviam ter feito para sofrer uma pena tão severa. Por isso, Jesus disse: "Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas"?
Assim, de modo desconcertante, Jesus faz com que eles pensem, e revela qual a pergunta subjacente ao espanto de todos.
Ora, se eles tinham vontade de saber a resposta para o sofrimento daqueles homens em especial, Jesus não fez nenhuma questão de estabelecer uma análise de caso. O que aconteceu, aconteceu.
Todavia, Jesus passa adiante, dizendo que aqueles galileus não eram mais pecadores que todos os demais habitantes de Jerusalém, mas que a falta de arrependimento conduz indistintamente ao perecimento.
Igualmente, os 18 sobre os quais desabou a Torre de Siloé não eram mais culpados que todos os outros. O que aconteceu, digo agora, certamente teve uma explicação física, como a deficiência na estrutura do prédio. Nada há que explique por que motivo tinha que ser com aqueles homens, e não com outros. Esse não é o problema.
Dessa forma, em lugar de ficarmos procurando as razões metafísicas das tragédias especialmente consideradas, devemos entender que todos nós somos pecadores, e que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). Quem pecou? "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Portanto, todos devem morrer, hoje ou amanhã, desse ou daquele jeito.
A maior tragédia humana é o pecado, que produz a morte e todo tipo de sofrimento no mundo, não necessariamente como conseqüência de atitudes de pecado, mas como conseqüência da condição pecaminosa que todos nós carregamos. A fim de quebrar esse ciclo foi que Jesus Cristo veio ao mundo, "para que aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).
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