segunda-feira, 21 de abril de 2008

Entre a comoção social e o sentimento de vingança

O caso Isabella Nardoni traz consigo uma série de temas que devem ser discutidos pela sociedade, como a violência doméstica e a brutalidade do ser humano, mas eu gostaria de refletir sobre o limite entre a comoção social e o sentimento de vingança.
É certo que esse tipo de crime costuma causar comoção social, pois uma criancinha de cinco anos de idade foi cruelmente assassinada dentro da casa do pai, com indiciamento do pai e da madrasta, pessoas que deveriam prestar proteção à menina. É natural que todos nós acompanhemos com tristeza os desdobramentos do caso, especialmente porque, se o pai e a madrasta forem culpados, teremos assistido a um filme de mentira e dissimulação, que é quase como matar a menina de novo.
Agora, nada justifica aquele pessoal sem ter o que fazer em frente à delegacia e às casas dos familiares do Alexandre Nardoni e da Anna Carolina Jatobá, alguns jogando pedras, outros pichando muros com palavras ofensivas, outros, ainda, gritando "assassinos" e querendo promover linchamento.
O sentimento de vingança é proporcional à falta de sensibilidade pelo próprio pecado. Ora, se o indivíduo tem consciência de seus pecados, ele não vai acusar sem provas, e não vai querer substituir a Justiça na aplicação da pena. Ele sabe, afinal, que ninguém é melhor que os assassinos da menina Isabella, justamente porque "todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23).
O que muda é o tipo de pecado, a repercussão social, o grau de maldade. No entanto, qualquer um de nós, em determinadas circunstâncias, impelidos por certos sentimentos, podemos fazer coisas abomináveis. Ninguém é justo. Somos depravados, corruptos, precisamos intensamente da graça de Deus.
Linchamentos são um atestado do primitivismo de uma sociedade. Os antigos faziam a chamada "vingança privada", até que a "vingança pública" foi instituída para substituir a ação dos particulares, e, com o passar dos séculos, a pena teve o seu conceito modificado, não sendo mais vista como simples retribuição pelo mal, mas também como forma de reintegração do criminoso à sociedade.
Sei que o crime de homicídio triplamente qualificado - neste caso, segundo a imprensa, por ter sido praticado por motivo fútil, crueldade e contra pessoa indefesa - merece toda a nossa repulsa e indignação. No entanto, deixemos a Justiça resolver esse episódio. Não podemos cultivar instintos também cruéis de punição extra-oficial, pois não somos juízes.

Nenhum comentário:



Fale comigo!

Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

Arquivo do blog

Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.